Vestidas de Gauguin

Paul Gauguin (1848-1903), Two tahitian women, 1899

Paul Gauguin (1848-1903), Two Tahitian Women, 1899

Já era tempo de trazer Gauguin para pintar este vestido com as cores do que era, para ele, “a grande realidade fundamental”: a (sua) natureza. A relação dele com ela (esta fêmea que é a origem de todo mundo, de todo o mundo, sendo ela o mundo) não foi (apenas) a de um observador deslumbrado. Aos 35 anos – casado, pai de cinco filhos, artista nas horas vagas e frequentador dos círculos de arte de Paris -, tocado pela estética do Simbolismo, Gauguin embarca para sempre em uma viagem.

Por considerar que o estrangeiro se encontrava necessariamente no estrangeiro, Gauguin viveu durante anos em algumas ilhas do Pacífico, convivendo com os nativos e estabelecendo com eles uma relação de admiração. Traçou caminhos tortuosos, penosos. Em meio às agruras, seu olhar esteve atento às delicadezas, às mulheres e seus trejeitos, às suas formas, olhares e sutilezas. Descreveu assim a “Eva Tahitiana”: “muito sutil, muito sábia em sua ingenuidade” e, ao mesmo tempo, “capaz, ainda, de passear nua, sem vergonha”. Gauguin aponta aí para a relação da mulher com seu corpo, para a sensualidade que inclui e vai além do apelo que se faz ao olhar/corpo/desejo do outro.

O quadro Two Tahitian Women parece uma condensação dessa afirmação. Estão ali: os olhares voltados para o fora de campo do quadro, as frutas e flores como adereços para os corpos, os corpos como adereços da natureza, a cor da pele que reflete cores do fundo da pintura, as mãos sutilmente colocadas, os corpos posicionados de modos distintos (remetendo a poses de gregos e egípcios), os vestidos que escorrem e deixam ver os seios… Os vestidos. Pausa. Volto ao vestido, elemento cheio de força neste quadro, elemento que emoldura o sexo. Volto ao vestido, elemento que move esta escrita. Queria, antes de tudo, hoje, escrever sobre um vestido. Queria escrever um vestido e assim, vestir-me de contornos fluidos. Parti em busca de Gauguin pois o vestido, tal como o concebo, engancha o corpo à sua natureza (também a esta de Gauguin). O vestido confere contorno, fluidez e consistência ao corpo, a este corpo hoje tão virtual. Vestido: elemento que escorre, pelos corpos e pelas telas aos quais se mistura. Daí a sensualidade. O vestido é um véu sem fim, do sem fim. Bem, este é o começo. O começo de uma semana dedicada aos vestidos. O começo do fim de um ciclo. Mais, em breve.

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Os vestidos acima foram inspirados na obra de Paul Gauguin e fazem parte da coleção de Outono/2012 da grife italiana Dolce Gabbana.

Vamos vestir Magritte

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Expressar-se artisticamente livre do controle do pensamento. Criar sem se ater a padrões estéticos ou morais. Compor novas formas de modo que o funcionamento do pensamento venha à tona, fazendo ver suas contradições, falta de lógica, bizarrices, seus elementos surreais. Fazer dos sonhos material de trabalho. Produzir uma arte que não seja escrava da racionalidade e dos padrões vigentes.

Estes eram alguns dos princípios do surrealismo, movimento artístico encabeçado pelo poeta, crítico e psiquiatra francês André Breton, na década de 20. Fortemente influenciado pelas inovadoras idéias de Freud – o qual considerava os sonhos a via régia de acesso ao inconsciente -,  o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa, propõe que o fazer artístico seja realizado em estado de automatismo psíquico – ou associação livre – buscando atingir uma realidade superior, descrita como “maravilhosa” no Manifesto Surrealista de 1924.

O surrealismo foi fortemente influenciado pela psicanálise. Salvador Dali, Luis Buñuel, Max Ernst, Antonin Artaud e outros artistas criavam formas que deixavam ver que a riqueza do pensamento humano, que vai muito além do que costumamos dizer ou mesmo pensar que pensamos. Mas, e se a estética proposta pelos surrealistas invadisse o campo da moda? Como fazer ver o funcionamento inconsciente nas roupas, nas composições, naquilo que adorna o corpo? Como fazer a corpo sonhar? Como sonhar com as roupas estando acordado?

O fotógrafo Andrew Matusik inspirou-se em Magritte e fez um belo ensaio para a Revista Genlux, no inverno de 2008. O resultado é muito interessante, associando a elegância ao Estranho. Ontem, em nosso Look do Dia com Arte, nos inspiramos em uma das fotos deste ensaio. Hoje trago, para vocês, mais fotos do editorial. Afinal, é impossível pensar moda sem sonho e este sonho não precisa, necessariamente, ser o da princesa e seus sapatinhos. Podemos extrair formas mais complexas, únicas, bizarras da dimensão onde realmente somos e nem pensamos.

Observação: atenção para os penteados!

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Processo de composição. Da inspiração em Magritte à foto do editorial:

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Preto e branco bombaram no ensaio. Maravilha!

A proposta do Vestido de Letras vai de encontro à deste editorial: se inspirar em fontes interessantes, incluir novas formas em seu modo de se colocar no mundo. O surrealismo é um bom ponto de partida, de abertura.

Espero que tenham gostado. Boa quinta-feira!

Beijos,

Júlia

Look do dia com Arte:
o olhar que se vê

Le Pelerin, René Magritte (1966)

Le Pelerin, René Magritte (1966)

Le Pellerin Fashion; Editorial fotografado por Andrew Matusik para Genlux Magazine

Le Pellerin Fashion, Genlux Magazine

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Como deslocar o comum para fora do comum? Como acessar o Fora? Como olhar o próprio olhar? René Magritte (1898-1967), pintor belga cujas obras têm fortes traços surrealistas e que ficou célebre pelo quadro do cachimbo que não é um cachimbo (ceci n’est pas une pipe), joga com a representação. Inserindo elementos comuns em combinações inesperadas e conjuntos bizarros, destaca que o que está em questão na pintura é, antes de tudo, o olhar. Mas também a escuta. Propõe ao espectador que escute as obras. Para ele, o silêncio é um elemento fundamental na apreciação de uma obra de arte. Assim, a partir de uma certa escuta da obra Le Pelerin (1966) e da releitura desta obra feita pelo fotógrafo Andrew Matusik (para um editorial da revista Genlux Magazine) compusemos estas imagens nas quais o elemento-chave é a máscara. Uma máscara que encarna o olhar e ocupa a função de um duplo. O olhar que pode ver o olhar, pelo menos por instantes. Uma conversa em silêncio. Uma mulher e sua mascarada.

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tons

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sentada

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colar

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Fotografia: Carolina Homem

As peças desta produção são muito especiais. O vestido é o meu favorito absoluto, uma obra da Julia Valle que ganhei com amor. O processo de criação da coleção da qual este vestido faz parte merece um post (farei isto). O colar veio de Portugal. Acho interessante a combinação do brilho com o plástico, uma combinação estranha. O sapato estilo oxford é Cavage, marca que produz modelos diferenciados em cores inusitadas (pena não ser confortável, pelo menos no meu caso).

As obras de Magritte são muito potentes, inspiram várias produções e “dão pano pra manga” para discussões em moda/psicanálise/literatura/filosofia… Por isso, Magritte continuará a nos acompanhar. Já estou preparando um próximo capítulo sobre produções em moda inspiradas em obras do pintor.

Gostaria de agradecer ao Daniel Rabello, querido amigo que enviou esta obra de Magritte, sugerindo que um post fosse criado a partir dela. Valeu!!! Aproveito para dizer que sugestões de obras ou de outros temas que possam inspirar capítulos do Vestido de Letras são muito bem vindas. Vocês podem enviar as sugestões e pedidos para o meu e-mail (juliadesenamachado@gmail.com) ou clicar na opção “contato” do cabeçalho do blog e enviar suas mensagens. Vou achar ótimo!

Beijos,

Júlia

Obras de Frida Kahlo

O que se pode escrever e criar a partir da obra de Frida Kahlo não é suficiente para produzir o mesmo efeito/tom da língua e das imagens criadas pela ousada artista. O filósofo Gilles Deleuze afirma que os escritores criam uma língua nova, uma língua dentro da língua. Uma pintora, por sua vez, arranha o mundo com seu traço, criando assim um mundo dentro do mundo. Trago aqui, fragmentos do mundo de Frida Kahlo que são de uma força e de uma riqueza de detalhes absurdas. Convido vocês a olharem para essas obras como quem aprecia cada ponto da costura de um vestido.

My dress hangs there, 1933

My dress hangs there, 1933

Fulang Chang and I, 1937

Fulang Chang and I, 1937

Self Portrait with a monkey, 1938

Self Portrait with a monkey, 1938

What the water gave me, 1938

What the water gave me, 1938

The Two Fridas, 1939

The Two Fridas, 1939

The Broken Column, 1944

The Broken Column, 1944

Self-Portrait, 1948

Self-Portrait, 1948

Nas obras de Frida, as rendas, os adornos e os tecidos coloridos – marcados pela delicadeza – aparecem em meio a outros elementos fortes, por vezes trágicos e impactantes. O corpo da mulher ocupa a cena de modo central, misturando-se a outros elementos da natureza, por laços de afeto. Podemos identificar em muitas obras de Frida elementos da estética surrealista. No primeiro quadro aqui apresentado, por exemplo, um vestido – esta peça que tantas vezes representa a feminilidade – aparece pendurada, magestosamente e estranhamente – entre um troféu e uma privada. O que isso quer dizer? Não poderemos saber exatamente. Ao ler a obra de Frida não precisamos buscar um sentido, podemos nos deixar levar pela força do sem-sentido, tão potente, tão feminino.

Vamos que vamos em nossas leituras e pesquisa. Moda com arte.

Boa semana!

Um beijo,

Júlia

Look do Dia na Pintura:
a cereja do bolo no cabelo

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Luks

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Girl with pink ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Duas versões de Girl with a pink ribbon, de George Benjamin Luks (1867–1933), retratos singulares de duas jovens enlaçadas pelos delicados detalhes que enfeitam e amarram suas medeixas. A primeira menina tem uma suavidade infantil e seu laço tem um quê de circense – o aspecto volumoso do laço cor-de-menina faz lembrar um pompom de palhaço e traz à cena memórias alegres. Já a segunda menina – ou moça – tem olhos cor de pérola e cabelos negros, no qual se destaca um laço colorido – mais alaranjado do que rosa. Essa segunda menina, por sua vez, tem um quê de índia e o laço mais parece um lindo penacho. Reparem como os enfeites usados no cabelo dão destaque aos detalhes dos rostos das meninas. O fato de o laço ser amarrado lateralmente dá um destaque especial aos olhos.

Essas fotos me levaram a pensar sobre possíveis acessórios e arranjos para os cabelos. Eu gosto muito de inventar moda com os fios de cabelo, criando penteados, experimentando novas e antigas amarrações. Quanto aos acessórios para as medeixas, costumo usá-los em ocasiões especiais. Gosto quando são bem trabalhados ou colocados de forma precisa. Um cabelo enfeitado merece o cuidado que se tem para montar um buquê de flores: há que se pensar, com afeto e com o corpo, nas cores, no posicionamento de cada elemento, na composição, na amarração, no efeito do todo… Inspirada pela primeira Girl with a pink ribbon, minha próxima invenção de moda será com pompons. Vejam como pode ficar lindo:

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Enfeitar os cabelos é uma tradição perpetuada ao longo dos séculos. Já foram encontrados exemplares de tiaras e coroas confeccionadas no Egito Antigo. Os faraós e sacerdotes usavam coroas, enquanto as e princesas portavam tiaras. Os gregos e os romanos também faziam uso desses adereços como símbolo de status – lembremo-nos das tiaras de folhas de louros entregues aos vencedores de competições esportivas. Adornar a cabeça enriquece o corpo, tanto pelo fato de o acessório poder ser símbolo de status, glória ou destreza, quanto pelo fato dele  conferir charme à figura. Os cabelos atraem os olhares, são a moldura do rosto (como abordado neste post) e merecem ser enfeitados, “confeitados”. Neste caso, a cereja do bolo vai no cabelo. A cereja pode ter variadas formas. Abaixo, algumas variações:

Arranjos de flores

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Arranjos montados a partir de delicada costura/colagem de materiais

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Fitas/Arcos

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Lenços

pin up:

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hippie/boho:

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à la camponesa/russa:

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As duas últimas imagens são incríveis! Adorei!

Vejo poucas  mulheres e poucos homens no Brasil fazendo uso de adereços nos cabelos, seja no dia-a-dia ou em ocasiões especiais. Mesmo os chapéus são pouco vistos por aí (a não ser no campo ou a beira mar, onde os trabalhadores têm que se proteger do sol). Por isso mesmo, todos estas “cerejinhas” podem ser o toque inusitado e singular da sua produção.

Uma ótima semana para nós!

Beijos,

Júlia

Look do dia com Arte:
aprender sobre o simples com aves

Meschers, Ellsworth Kelly (1951)

Meschers, Ellsworth Kelly (1951)

Do minimalismo sóbrio de Sabrina Meijer, do Afterdrk (leia mais neste post), seguimos para a simplicidade banhada de cores que marca o estilo do pintor, escultor e printmaker contemporâneo Ellsworth Kelly (1923-). Kelly explora, em sua obra, o contraste entre formas evidenciadas por cores vivas. O artista conta que, quando criança, era  convidado por sua avó para praticar birdwatching (que poderia ser poeticamente traduzido como “apreciação de pássaros”). Tal prática teria levado o menino a observar, com os pássaros, as formas da natureza. Daí sua paixão pelos contornos (geométricos e orgânicos) e pelas cores.

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Em exposições de arte contemporânea, é comum escutarmos comentários do tipo: “Ah, mas também eu faria isso!”, “Parece trabalho de criança”. Sim, talvez uma obra de arte contemporânea possa parecer excessivamente simples. Mas  quem faria isso ao longo de anos a fio, de uma vida? Quem se permitiria não abandonar os gestos da infância? E mais: o que leva à criação de um quadro como este na década de 50? Qual foi o contexto que propiciou tal criação? Estas questões precisam ser levadas em conta. Afinal, a criação de uma obra de arte é sempre um diálogo. Assim, o exercício contínuo de dar forma e cor à vida – buscando a simplicidade – é admirável. Na criação deste look, quis dialogar com a obra Meschers (1951), transpondo suas cores, formas e referências à natureza para o corpo.

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Fotografia: Carolina Homem

A obra que serviu de inspiração para este post – e que retrata, de modo singular, a região francesa Meschers-sur-Gironde – faz parte do acervo do MOMA (Museum of Modern Art, NY). O museu tem um acervo incrível. Super recomendo a visita!

Espero ter colorido um pouco os seus olhos.

Beijos,

Júlia

Look do Dia na Pintura:
azul

Two Little Girls with Robbons, Tamara de Lempicka (1925)

Two Little Girls with Robbons, Tamara de Lempicka (1925)

A pintora polaca Tamara de Lempicka (1898-1980) vai aparecer bastante por aqui. Estou encantada com sua obra. A pintora conseguiu criar um estilo único e ousado em vários sentidos. Na pintura, expressou-se de forma tão singular, que críticos de sua obra criaram uma expressão para descreverem seu estilo: “cubismo suave”. Seu trabalho se aproxima dos princípios artísticos do movimento art déco. Na vida pública, foi uma figura polêmica. Nascida na high society polonesa e registrada com o nome Maria Górska (sim, ela resolveu mudar de nome após enfrentar as intempéries da Revolução Russa de 1917!), estudou em colégio interno na Suiça e mais tarde foi viver com seu marido em Paris. Lá, conviveu com figuras como Picasso e deu o que falar. Bela e formosa, tinha relacionamentos extraconjugais com homens e mulheres. A ousadia desta mulher reflete-se em seus trabalhos, sendo que alguns deles vocês verão comigo, aqui no blog. Ela pinta as roupas de uma forma muito detalhada, usando cores vivas.

Trago hoje estas duas meninas com laços e roupas azuis (all blue) para enfeitarem a cena. O volume das peças (vestidos e laços) me impressionam. Os laços são um ornamento. As peças são bem estruturadas, volumosas e criam um interessante efeito de luz e sombra. Os tons de azul são marcantes e criam um contraste interessante com o pano estampado com flores, que serve de fundo para os rostos das meninas. Os gestos das modelos são interessantes: a colocação das pernas, das mãos, das cabeças, seus olhares. Isto tudo faz parte de uma bela composição de cena. Uma super produção de moda! Uma roupa não deve caminhar sozinha, ela precisa ser preenchida e encantada por um corpo, que sempre se expressará de forma singular. Esta pintura (linda!) me remeteu a uma produção de Miroslava Duma, a qual considero uma mulher-menina-boneca. Veja, abaixo:

Miroslava Duma

Miroslava Duma

O azul é uma cor que consegue conferir luz e vida ao corpo, destacando a figura. Se constrastado com cores  neutras, pode gerar  produções elegantes e marcantes, como esta outra, de Miroslava Duma:

Miroslava Duma

Miroslava Duma

Betty Autier, do Le Blog de Betty,  cria looks ousados, com uma pitada de extravagância e usualmente lança mão do azul:

www.leblogdebetty.com

www.leblogdebetty.com

Luisa Accorsi, do Sonhos de Crepomconsegue aplicar a cor (em  tons bem fortes) com elegância e delicadeza:

http://sonhosdecrepom.mtv.uol.com.br/

http://sonhosdecrepom.mtv.uol.com.br/

Natti Vozza, autora do Glam4u mistura texturas e, neste caso, cria uma combinação quase monocromática com efeitos-surpresa graças aos acessórios:

www.glam4u.com

www.glam4u.com

Por fim, Thássia Naves, do Blog da Thassia, colore de azul a base da roupa e da foto e brinca com os tons dos adereços. A produção resulta leve:

www.blogdathassia.com.br

www.blogdathassia.com.br

O azul pode ser leve e alegre, no sentido contrário da expressão I’m blue.

No inverno – recém chegado – alegra o olhar e o dia.

Beijos,

Júlia

Look do dia da Pintura:
a bailarina e o gato

Ballerina with a black cat, Pierre Carrierre Beleuse

Ballerina with a black cat, Pierre Carrier-Belleuse (1851-1933)

O gato, este ser esguio, elegante e preciso em cada mínimo gesto, nos conduz, delicadamente, à bailarina, outro ser dotado dessas admiráveis qualidades. O gato e a bailarina se aproximam por semelhança e compõe um quadro de Pierre Carrier-Belleuse, pintor francês que se dedicava a retratar a delicadeza dos corpos das jovens dançarinas. Nesta obra, o olhar do gato e o da moça se assemelham, bem como seus corpos delicadamente relaxados e precisamente posicionados. O contraste aparece entre a cor do vestido – em tom rosa claro, salmonado, com pitadas de branco – e o pêlo escuro do animal. O tule – marca clássica do balé – forma uma moldura em torno dos corpos. A sapatilha está lá, magestosa, em destaque.

A figura da bailarina condensa tantos sonhos, significados, enigmas, tanta beleza, tanto imaginário, que diversos pintores se dedicaram a representá-las (ver as bailarinas de Dégas). Como afirma Chico Buarque, “só a bailarina que não tem…” todas as agruras do mundo. A bailarina só tem leveza, destreza, beleza. A bailarina veste-se impecavelmente e sustenta como ninguém seu corpo e os adornos que o envolvem. A bailarina não pode ser um ser vivo como os outros. Como ela rodopiaria tão rapidamente e cairia justamente no mesmo ponto, se humana fosse? Qual é o seu segredo? É, a bailarina não deve ser gente como a gente. Pelo menos se vista de longe. De longe, mas em nós, pois ela gira pelas nossas fantasias. Quem sabe seja uma letra a bailarina. Uma letra que, em movimento, produz encanto e alimenta o ideal. Abaixo, algumas idéias de como se vestir desta letra-bailarina.

Chloé, Verão 2011

Chloé, Verão 2011

Dior, Outono/Inverno 2012/13

Dior, Outono/Inverno 2012/13

Chanel, Verão 2011

Chanel, Verão 2011

Chloé, Verão 2011

Chloé, Verão 2011

Maria Bonita Extra, Inverno 2011

Maria Bonita Extra, Inverno 2011

Cavalera, Primavera-Verão 2010/11

Cavalera, Primavera-Verão 2010/11

Observação: não precisa ficar tão rígida quanto as bailarinas. Pode dar uma requebrada.

Voa, voa, letra-bailarina!

Bom dia para vocês!

Quero saber o que vocês estão achando do blog. Bjins

Look do dia com Arte:
a lady with a cat

A Lady with a cat, Giovanni Boldini (___)

A Lady with a cat, Giovanni Boldini

A jovem e o gato retratados neste quadro de Giovanni Boldini (1842-1931) se movem continuamente diante de meus olhos. A variação da intensidade das cores, o fora de foco do fundo da pintura, as silhuetas alongadas – que de certo modo se misturam com a paisagem – tudo isso cria um efeito impressionante. O detalhe das cores aqui, tão sutilmente empregadas, tão finamente colocadas, geram um efeito inesperado e delicado. Toques evidentes de azul e amarelo em tons vivos são o suficiente para tornar o quadro colorido e para fazê-lo pulsar ainda mais vida. Trata-se de um retrato divertido, em que o gato aparece como o centro das atenções. Quis brincar com as cores e o tema deste quadro, transpondo traços dele para o corpo.

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As fotos foram tiradas no Museu Abílio Barreto, em Belo Horizonte. O Museu é lindo e compreende – além de um amplo jardim – dois prédios, um mais recente e outro mais antigo, sendo o último um casarão que foi a sede da Fazenda do Leitão, ainda no Arraial do Curral Del Rey (primeiro nome de Belo Horizonte). O casarão foi construído em 1883 pelo curralense José Candido Lúcio da Silveira, tataravô da Carol, fotógrafa do blog. 🙂

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Blusa: Gallerist/Calça: Pop Up Store/Sapatos: Imporium/Bolsa: Maria Filó

Ainda faremos mais fotos no Museu Abílio Barreto. Há muitos espaços e elementos para se explorar por lá. Aliás, no prédio novo há o Café do Museu, que é lindo e aconchegante. Os pratos não são baratos, mas vale ir para tomar um café e comer uma sobremesa. No dia das fotos Carol e eu tomamos um chocolate quente e comemos um cheesecake. (Café do Museu: Avenida Prudente de Morais, 202 mezanino – Cidade Jardim – Belo Horizonte/MG. Tel: (31) 3291 5320)

E já que estamos falando de gatos, trago mais uma obra, desta vez caseira. Vejam os felinos que vivem brincando ao meu redor: Pandu e Menina.

Look do Dia na Pintura: Caroline e o branco

Mademoiselle de Riviere, Ingres (___)

Mademoiselle Caroline de Rivière, Jean-Auguste Dominique Ingres (1806)

Hoje é sexta-feira e pelas ruas de Salvador (cidade que adoro), deve haver muita gente vestida de branco – por tradição, para reverenciar o orixá Oxalá, o Senhor do Bonfim, ou mesmo porque é lindo e é a cara da Bahia. Na sexta, dá branco. Por aqui, entramos no clima baiano, mas na companhia de uma delicada francesinha que, em um outro século, outro país e outro clima, montou um look incrível total white para pousar para um pintor. Caroline, a modelo de hoje, foi retratada por Ingres (já vimos um look pintado pelo artista aqui) quando ela tinha entre 13 e 15 anos. A jovem exibe um sorriso maroto e uma certa inocência no olhar. A roupa pende sobre seu corpo, sem que ela exiba e realce os detalhes do look por meio do gesto. Este é um aspecto interessante a ser destacado quanto à composição de um look: o efeito depende da relação do corpo – do olhar, inclusive – com os tecidos. A roupa emoldura o corpo e o corpo emoldura a roupa. Um corpo dialoga com o que veste. Neste caso, percebo Caroline ainda tímida em sua pose. Seu ar despretensioso contrasta com a exuberância do look: um vestido branco marcado por um detalhe transparente e por uma fita dourada que define a silhueta, estabelecendo uma divisão entre o tronco e o restante do corpo. As mangas são bufantes. A gola de pele de animal traz um ar fetichista para a cena. Dizem que o pintor ficou encantado pela jovem, considerando-a ravishing, arrebatadora. Não nos esqueçamos: branco também pode ser sexy.

Mademoiselle de Riviere After Ingres, Fernando Botero (2001)

Mademoiselle Caroline de Rivière (After Ingres), Fernando Botero (2001)

O pintor colombiano Fernando Botero, especializado em retratar formas gordinhas (de gente, de frutas de animais, etc.), fez uma bela  releitura do quadro de Ingres. Vejam (acima) como a mudança da posição das mãos de Caroline (agora com as unhas pintadas de vermelho, combinando com os brincos e com o batom), a introdução de mais luz na cena, a escolha de uma paisagem mais veranil e a presença do rosto do animal-cachecol conferem um outro efeito. Agora Caroline parece mais “descolada”, “à la vonté” e, na minha opinião, menos sexy (não pelo fato de estar com uns quilinhos a mais). Vocês concordam? O que percebem neste jogo dos sete erros?

Vimos Caroline retratada em 1806 e em 2011, em duas versões, sempre de branco. O branco bomba desde a Grécia Antiga! E no próximo verão teremos muitas opções de looks à la baiana. Eu pirei com as imagens do desfile da Cori/Verão 2013-14 do último São Paulo Fashion Week. Acho o branco uma cor extremamente elegante, sofisticada e que combina com todos os tons de pele. Destaca a figura. Acho incrível quando usado para festas a noite. Vocês costumam montar looks em branco?

Vejam alguns looks da Cori:

Cori verão 2013/2014, São Paulo Fashion Week

Cori verão 2013/14, SPFW

Desejo a você uma sexta feira cheia de paz e um fim de semana assim, leve!