Tempo de Moda no Vestido de Letras:
Olivia Palito forever

Preto, branco e vermelho. Eu poderia me vestir assim todos os dias (já abordei essa mistura aqui). É a combinação que mais encontra lugar em meu corpo. Por quê? Não sei. O toque navy (estilo marinheiro) é lindo. E a Olívia Palito faz parte das primeiras figuras com as quais convivi na infância. Sempre admirei a elegância dela. Confesso que há uma facilidade e praticidade em apostar em uma combinação que se sabe que funciona (pelo menos para os seus olhos). Mas a mistura nem é tão fácil porque o limite entre uma produção interessante e elegante e uma produção muito infantil é tênue. Neste sentido, a escolha de peças com formatos mais clássicos oferece certa segurança. E prefiro quando o vermelho aparece nos acessórios – como pontos de cor – especialmente nos pés.

Desta vez me inspirei em looks já criados para montar minha produção do dia no Tempo de Moda. Resolvi que o vermelho apareceria nos pés e escolhi este sapato lindo (mistura de boneca com scarpin). Achei o modelo dos mais acertados que já vi (um dia ainda terei um desses sapatinhos vermelhos). Shorts porque os raios de sol esquentam nosso belo horizonte repleto de lindos ipês (maravilha). Mistura de preto e branco. Pronto! Para a brisa da noite, meia calça e lenço no pescoço (quem sabe em tom caramelo, como em uma das fotos-inspiração). Adorei a combinação!!!

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Imagens que inspiraram a composição:

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Vocês já brincaram de compor looks no Tempo de Moda? Recomendo o exercício!

Beijos,

Júlia

Look do dia na Pintura:
Suzanne Valadon e as calças listradas

O quarto azul, Suzanne Valadon, 1923

O Quarto Azul, Suzanne Valadon, 1923

A obra O quarto Azul, de Suzanne Valadon, retrata uma figura cuja imagem destoa de grande parte dos retratos em que as mulheres encontram-se nesta pose: deitadas, usualmente nuas. Neste quarto azul há uma mulher cujo olhar não se dirige à pintora da obra. Seu olhar é para o Fora. Livros, um cigarro, cabelos presos. O corpo dela é farto e a silhueta marcada por peças de cores contrastantes. A imagem carrega um ar de conforto, e sua protagonista um sex appeal singular. Linda a mistura das listras verdes e brancas da calça larga com a camiseta rosa claro, com alças duplas (a cor rosa ganhará espaço na próxima estação, primavera/verão 2013). O soutien não aparece. Talvez tenha sido rasgado. Nestes traços de perfume feminista, há espaço para livros e cigarro. A mulher também pode se colocar assim – e assado -, como quiser. Ela não precisa estar nua para ocupar a parede de um museu. A mulher pode ser retratada de várias formas, pois não é uma. A mulher não é o que se espera dela. A mulher não é aquela. A mulher não é. Precisa se inventar.

Suzanne Valadon foi garçonete e trapezista em Paris. Só deixou a vida circense en função de uma queda. Da queda, o salto. Passou a trabalhar como modelo para pintores como Renoir e Toulouse-Lautrec. Observando o trabalho desses artistas enquanto posava para eles, incorporou traços e técnicas. Indo além, imprimiu seus riscos com pincéis. Tornou-se pintora. Edgard Degas comprou algumas de suas peças. Em 1894 Valadon foi a primeira mulher a fazer parte da Sociedade Nacional de Belas Artes da França.

Quis trazer este look criado por Valadon porque fiquei absolutamente encantada com a mistura dos tons mais quentes da roupa e dos livros com os tons mais frios do quarto. Experimentei tampar os livros e observar o quadro. Agora destampem os livros (que têm tons quentes). Para onde vai o seu olhar em cada caso?

Acho a estampa de listras da calça extremamente elegante, sobretudo em peças largas. Para o meu gosto, as calças listradas são mais lindas se forem pantalonas (de modelagem ampla). Se as listras forem em preto e branco, vão vem com vermelho, laranja, azul. Vejam alguns exemplos nas imagens abaixo:

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Costumo desgostar (mesmo, com força!) de calças justas listradas. Acho brega. Gosto de algumas peças que fogem das tradicionais listras P&B e, também, quando as listras P&B são finas. Enfim, fujo das justas que são “tendência” atualmente. Gosto de peças assim:

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Entre 24 de maio e 14 de julho deste ano (2013) o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB/RJ) recebeu a exposição ELLES: Mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou. A exposição de Arte Moderna e Contemporânea reuniu trabalhos de artistas mulheres – as quais só ganharam espaço como protagonistas no universo da pintura após meados do século XVII. Até então as mulheres ocupavam a função de modelo e inspiração para pinturas, mas não a de protagonistas. A exposição ELLES reúne obras maravilhosas, tem um cunho político e me inspirou na escrita do texto do post de hoje. Aos poucos vou trazendo mais obras que integraram a exposição. Tem tudo a ver com o Vestido de Letras.

Pessoal, tem um link aí em baixo “Deixe seu comentário/Leave your comment”. Claro que comentar é opcional, mas adoraria que vocês deixassem suas marcas. Se não eu fico falando sozinha. haha

Forte abraço,

Júlia

Inspiração: Camille Over the Rainbow

www.camilleovertherainbow.com

www.camilleovertherainbow.com

Em Minas Gerais os que são amantes da alquimia da culinária bem sabem que é possível produzir maravilhas com ingredientes básicos. Tudo depende da mistura que se faz e, claro, de um certo “quê” (de afeto, de estilo, de tempo, de gestualidade) que se introduz no ato de cozinhar, preparar, servir e saborear. Ingredientes raros e luxuosos não são, nem de longe, imprescindíveis para criar belos sabores. A simplicidade do relato do modo de preparo de um prato fenomenal pode surpreender os convidados. Na moda a alquimia também passa por aí. Há um quê de inexplicável nas delícias preparadas com poucos elementos (pense no Minimalismo). Não é fácil compor com rigor, gosto e sem grandes excessos. Camille (@camtyox) combina ingredientes básicos e oferta delícias rigorosas ao olhar.

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O estilo desta londrina é encantador e único. Tem pitadas de elegância, sofisticação, autenticidade, sobriedade, esperteza e sabedoria (sugiro que leiam os textos dela: muito, muito bons!). Camille sobre um arco-íris de cores e letras. Dali, ela pincela os ingredientes que usa de uma forma delicada e consegue polvilhá-los, derramá-los em seu corpo e no corpo de seu texto de uma forma para a qual, talvez, não haja receita precisa. Mas podemos, ainda assim, tentar ler o estilo dela e aprender algo que possa vir a se incorporar em nossas misturas. No fim das contas, não se repete, exatamente, os sabores. Felizmente!

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Esta é uma outra nova tag do blog: Inspira ação. Quero dividir com vocês os sites, imagens, obras de arte, enfim, sabores que experimento por aí e aos quais retorno porque quero mais. Quem não tem tempo de navegar muito (pela correria do dia a dia) vai encontrar aqui uma forma de colocar um pezinho no arco-íris e catar elementos para embelezar a vida.

Até breve!

Preto no branco: o grão que compõe a pérola

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Minha primeira lembrança clara de um pensamento ligado à moda é a seguinte: de manhã, bem cedinho, a caminho da escola, avisto, através da janela do carro, a loja onde se encontravam as mais lindas roupas de crianças – era o que minha mãe e minha irmã sempre me diziam, atiçando meu desejo. Eu era, então, uma menina de sete anos em busca de signos da feminilidade. Naquele dia, lutando contra a rapidez do carro, consegui alcançar com os olhos a vitrine, na qual estavam expostas roupas apenas em preto e branco. Preto e branco e nenhuma cor a mais. Preto e branco e ponto. E pronto: me apaixonei por aquela imagem e, acompanhada pela crença na eternidade que as crianças geralmente carregam, pensei: “eu podia vestir só de preto e branco para sempre”.

Aquela imagem marcou meu gosto e esse pensamento nunca me abandonou – mesmo tendo de reconhecer o aspecto finito de tudo que é vivo. Hoje, o preto e o branco são a base do tabuleiro que orienta as sequências das escolhas que faço ao criar minhas produções. Considero que as combinações de peças nessas cores têm, de saída, potencial para a elegância e para a sofisticação. Mas, ao contrário do que se poderia pensar, não considero ser tarefa fácil montar um look em preto e branco. É preciso trabalho para atingir a simplicidade, para se livrar dos excessos e dar destaque ao mínimo, ao grão a partir do qual a pérola se forma.

No que tange a questão da língua, a sabedoria popular brasileira aponta que “preto no branco” diz respeito a franqueza, a um acesso direto à verdade – sem firulas ou excessos. Por outro lado, no que diz respeito à escrita, ter um material preto e outro branco permite ao sujeito fazer sua inscrição, deixar marcas simbólicas pelo mundo. Compondo em preto e branco, um sujeito escreve suas verdades – muitas vezes ilegíveis.

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Blusa: Asos/Saia: Asos/Sapatos: Arezzo/Cinto: Luigi Bertolli/Bolsa: comprada na Itália

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Fotografia: Pedro Aspahan

Obrigada por acompanhar o blog!

Boa semana!

Beijos,

Júlia