Na imagem acima toco as letras deixadas em uma porta do bairro Queens, em Nova Iorque. Um amontoado de letras grafadas em papéis de tamanhos diversos, mais ou menos corroídos pelo tempo. Marcas humanas que resultam em uma obra feita a muitas mãos, em exposição permanente na arquitetura da cidade. Cativante. No momento registrado nesta foto, eu tentava tocar as mãos daqueles que deixaram aquelas marcas (legíveis e/ou não), tentando absorver aquele muro e suas letras. Quando quero absorver algo, procuro uma forma de tocar aquilo e ser tocada por aquilo até dar conta de incorporar traços. Por isso, em viagens, gasto tempo me misturando à paisagem, consumindo intensidades.
Me encanta a dimensão suburbana de Nova Iorque, a escuridão e os traços do passado que resistem na arquitetura, habitando o presente e o futurístico. As sombras da cidade, contrastando com a elegância e o glamour que também se encontram por ali, criam um charme particular.
Neste dia, fomos conhecer o MOMA PS1 – Centro de Arte Contemporânea filiado ao MOMA (Museum of Modern Art) -, situado em Long Island City, Queens. Imperdível. O museu funciona em uma antiga escola primária – que estava desativada há algum tempo – e é antes um espaço de exibição e de experimentação em arte contemporânea do que de coleção de obras. O intuíto do MOMA PS1 é ser um catalizador de novos discursos e propostas em arte contemporânea. Ali encontram-se obras de artistas em emergência, assim como experimentações inovadoras realizadas por artistas renomados. Isso faz do museu um lugar cheio de vida e novidades para os visitantes. Quando fomos ao PS1, tivemos a feliz surpresa de reencontrar The Forty Part Motet (2001), obra da Janet Cardiff que já havia passado pelo Museu do Inhotim, situado em Brumadinho/MG (pertinho de Belo Horizonte).
Ao escolher a roupa para o passeio, optei pelo conforto: um vestido de malha preto, tênis preto (All Star) de cano alto e um cardigan bem larguinho na cor vinho (a cor não aparece porque as fotos foram todas tiradas com máquina fotográfica manual e com filme preto e branco de alta sensibilidade – daí a textura das imagens). A bolsinha era pequena, de alça longa (fica mais confortável para caminhar) e vintage. As bolsas vintage são as minhas favoritas. Esta foi comprada em um pequenino brechó de Belo Horioznte, logo antes da viagem. Foi uma bela companheira.
Esta semana farei um throwback e trarei mais imagens de Nova Iorque. As fotos foram tiradas pelo meu namorado que se empolgou ao encontrar, por lá, este filme de alta sensibilidade que, segundo ele, é uma raridade. Raridade é encontrar um companheiro sensível assim.
J.