Look do dia com Arte:
aprender sobre o simples com aves

Meschers, Ellsworth Kelly (1951)

Meschers, Ellsworth Kelly (1951)

Do minimalismo sóbrio de Sabrina Meijer, do Afterdrk (leia mais neste post), seguimos para a simplicidade banhada de cores que marca o estilo do pintor, escultor e printmaker contemporâneo Ellsworth Kelly (1923-). Kelly explora, em sua obra, o contraste entre formas evidenciadas por cores vivas. O artista conta que, quando criança, era  convidado por sua avó para praticar birdwatching (que poderia ser poeticamente traduzido como “apreciação de pássaros”). Tal prática teria levado o menino a observar, com os pássaros, as formas da natureza. Daí sua paixão pelos contornos (geométricos e orgânicos) e pelas cores.

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Em exposições de arte contemporânea, é comum escutarmos comentários do tipo: “Ah, mas também eu faria isso!”, “Parece trabalho de criança”. Sim, talvez uma obra de arte contemporânea possa parecer excessivamente simples. Mas  quem faria isso ao longo de anos a fio, de uma vida? Quem se permitiria não abandonar os gestos da infância? E mais: o que leva à criação de um quadro como este na década de 50? Qual foi o contexto que propiciou tal criação? Estas questões precisam ser levadas em conta. Afinal, a criação de uma obra de arte é sempre um diálogo. Assim, o exercício contínuo de dar forma e cor à vida – buscando a simplicidade – é admirável. Na criação deste look, quis dialogar com a obra Meschers (1951), transpondo suas cores, formas e referências à natureza para o corpo.

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rindoBlusa: QGuai/Saia: QGuai/Cinto: Complot/Sapatos: Luiza Barcellos

Fotografia: Carolina Homem

A obra que serviu de inspiração para este post – e que retrata, de modo singular, a região francesa Meschers-sur-Gironde – faz parte do acervo do MOMA (Museum of Modern Art, NY). O museu tem um acervo incrível. Super recomendo a visita!

Espero ter colorido um pouco os seus olhos.

Beijos,

Júlia

NY: PS1

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Na imagem acima toco as letras deixadas em uma porta do bairro Queens, em Nova Iorque. Um amontoado de letras grafadas em papéis de tamanhos diversos, mais ou menos corroídos pelo tempo. Marcas humanas que resultam em uma obra feita a muitas mãos, em exposição permanente na arquitetura da cidade. Cativante. No momento registrado nesta foto, eu tentava tocar as mãos daqueles que deixaram aquelas marcas (legíveis e/ou não), tentando absorver aquele muro e suas letras. Quando quero absorver algo, procuro uma forma de tocar aquilo e ser tocada por aquilo até dar conta de incorporar traços. Por isso, em viagens, gasto tempo me misturando à paisagem, consumindo intensidades.

Me encanta a dimensão suburbana de Nova Iorque, a escuridão e os traços do passado que resistem na arquitetura, habitando o presente e o futurístico. As sombras da cidade, contrastando com a elegância e o glamour que também se encontram por ali, criam um charme particular.

Neste dia, fomos conhecer o MOMA PS1 – Centro de Arte Contemporânea filiado ao MOMA (Museum of Modern Art) -, situado em Long Island City, Queens. Imperdível. O museu funciona em uma antiga escola primária – que estava desativada há algum tempo – e é antes um espaço de exibição e de experimentação em arte contemporânea do que de coleção de obras. O intuíto do MOMA PS1 é ser um catalizador de novos discursos e propostas em arte contemporânea. Ali encontram-se obras de artistas em emergência, assim como experimentações inovadoras realizadas por artistas renomados. Isso faz do museu um lugar cheio de vida e novidades para os visitantes. Quando fomos ao PS1, tivemos a feliz surpresa de reencontrar The Forty Part Motet (2001), obra da Janet Cardiff que já havia passado pelo Museu do Inhotim, situado em Brumadinho/MG (pertinho de Belo Horizonte).

Ao escolher a roupa para o passeio, optei pelo conforto: um vestido de malha preto, tênis preto (All Star) de cano alto e um cardigan bem larguinho na cor vinho (a cor não aparece porque as fotos foram todas tiradas com máquina fotográfica manual e com filme preto e branco de alta sensibilidade – daí a textura das imagens). A bolsinha era pequena, de alça longa (fica mais confortável para caminhar) e vintage. As bolsas vintage são as minhas favoritas. Esta foi comprada em um pequenino brechó de Belo Horioznte, logo antes da viagem. Foi uma bela companheira.

Esta semana farei um throwback e trarei mais imagens de Nova Iorque. As fotos foram tiradas pelo meu namorado que se empolgou ao encontrar, por lá, este filme de alta sensibilidade que, segundo ele, é uma raridade. Raridade é encontrar um companheiro sensível assim.

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J.