Better than cheesecake

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Cheesecake é um doce deliciosamente estranho e familiar. O queijo confere um toque local (mineirinho) ao sabor, mas o doce é estrangeiro pelas suas origens. Marcas disso são as bolinhas que muitas vezes o recobrem: blueberry, cramberry, raspberry… hein? Mistura contrastante de efeito surreal: doce com sal, fruta com leite, texturas diversas. O cheesecake é um doce bem vestido.

O estilo pin-up – que data do fim do século XIX -, também é efeito de uma mistura interessante: sensualidade com doçura, força com leveza. A expressão better than cheesecake (melhor que cheesecake), muito empregada em elogios tecidos às pin-ups por volta de 1940/50, só pode dizer respeito a algo provocador dos sentidos. Por exemplo, uma mistura inusitada e linda: as marcas do estilo pin-up (lenços, cores vibrantes, penteados armados, maquiagem impecável) mescladas aos tons das peles negras. Isso, sim, pode (quem sabe) nos levar além da experiência sensorial proporcionada por um cheesecake. Com relação ao que nos proporciona um bom café com leite… aí depende… é com queijinho ou sem?

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Ah, mas precisamos considerar que há mãozadas (não pitadas) de machismo por trás dessa história que envolve as pin-ups. Elas eram modelos e atrizes que serviam de inspiração (erótica) para, dentre outros, os soldados americanos que serviam ao exército. Foi nesse contexto que elas, literalmente, bombaram. As fotos delas ficavam penduradas nas tendas dos acampamentos (daí o uso do termo pin-up, que significa pendurar). Ou seja, cerejinhas banhadas em sangue. Triste isso. As mulheres merecem mais. A humanidade também. Vamos catar os traços do estilo que essas beldades nos legaram e vamos além desta posição de objeto-símbolo sexual. Pin-up não precisa ser associado, necessariamente, a aspirador de pó, a qualquer utensílio doméstico, a uma fantasia de enfermeira, a uma parede de banheiro masculino, por aí vai… Os lencinhos e as cerejas precisam circular por outros espaços, de variadas formas, enfeitando os corpos que se identificarem com esses adereços.

Obrigada por acompanhar o blog!

Até!

Júlia

Look do Dia na Pintura:
a cereja do bolo no cabelo

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Luks

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Girl with pink ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Duas versões de Girl with a pink ribbon, de George Benjamin Luks (1867–1933), retratos singulares de duas jovens enlaçadas pelos delicados detalhes que enfeitam e amarram suas medeixas. A primeira menina tem uma suavidade infantil e seu laço tem um quê de circense – o aspecto volumoso do laço cor-de-menina faz lembrar um pompom de palhaço e traz à cena memórias alegres. Já a segunda menina – ou moça – tem olhos cor de pérola e cabelos negros, no qual se destaca um laço colorido – mais alaranjado do que rosa. Essa segunda menina, por sua vez, tem um quê de índia e o laço mais parece um lindo penacho. Reparem como os enfeites usados no cabelo dão destaque aos detalhes dos rostos das meninas. O fato de o laço ser amarrado lateralmente dá um destaque especial aos olhos.

Essas fotos me levaram a pensar sobre possíveis acessórios e arranjos para os cabelos. Eu gosto muito de inventar moda com os fios de cabelo, criando penteados, experimentando novas e antigas amarrações. Quanto aos acessórios para as medeixas, costumo usá-los em ocasiões especiais. Gosto quando são bem trabalhados ou colocados de forma precisa. Um cabelo enfeitado merece o cuidado que se tem para montar um buquê de flores: há que se pensar, com afeto e com o corpo, nas cores, no posicionamento de cada elemento, na composição, na amarração, no efeito do todo… Inspirada pela primeira Girl with a pink ribbon, minha próxima invenção de moda será com pompons. Vejam como pode ficar lindo:

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pompom_2_tratado

Enfeitar os cabelos é uma tradição perpetuada ao longo dos séculos. Já foram encontrados exemplares de tiaras e coroas confeccionadas no Egito Antigo. Os faraós e sacerdotes usavam coroas, enquanto as e princesas portavam tiaras. Os gregos e os romanos também faziam uso desses adereços como símbolo de status – lembremo-nos das tiaras de folhas de louros entregues aos vencedores de competições esportivas. Adornar a cabeça enriquece o corpo, tanto pelo fato de o acessório poder ser símbolo de status, glória ou destreza, quanto pelo fato dele  conferir charme à figura. Os cabelos atraem os olhares, são a moldura do rosto (como abordado neste post) e merecem ser enfeitados, “confeitados”. Neste caso, a cereja do bolo vai no cabelo. A cereja pode ter variadas formas. Abaixo, algumas variações:

Arranjos de flores

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Arranjos montados a partir de delicada costura/colagem de materiais

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Fitas/Arcos

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Lenços

pin up:

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hippie/boho:

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à la camponesa/russa:

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As duas últimas imagens são incríveis! Adorei!

Vejo poucas  mulheres e poucos homens no Brasil fazendo uso de adereços nos cabelos, seja no dia-a-dia ou em ocasiões especiais. Mesmo os chapéus são pouco vistos por aí (a não ser no campo ou a beira mar, onde os trabalhadores têm que se proteger do sol). Por isso mesmo, todos estas “cerejinhas” podem ser o toque inusitado e singular da sua produção.

Uma ótima semana para nós!

Beijos,

Júlia