Por entre as frestas demarcadas pelas mãos que deixam uma escritura em rendas e crochet, pode-se mirar a pele. Está aí o ponto onde poucos outros tecidos podem se comparar a esses: há gretas para o olhar, há uma escrita que se deixa ver em furos. O efeito especial está no revela/vela que mistura o corpo de quem veste com o corpo de quem escreve e, ainda, o de quem quer que olhe. Nesta trama, pode-se notar que o que está em causa no “vestir” é, justamente, esta mistura das peles através do tecido (do tecer) e este movimento de olhares e corpos que a roupa pode provocar.
Dentre as peças que mais admiro estão as que são feitas de crochet, de modo artesanal. Valorizam a beleza do corpo de quem veste através dos gestos (sempre presentes) de quem produziu as peças.
Há algum tempo admiro as peças da Emma Clothing, marca de roupas feitas de crochet. As peças são feitas à mão, no Zimbabwe, e a renda é revertida para famílias da região. Recomendo que visitem o site (entregam no Brasil).
O meu vestido favorito é o “over-sized”, que cai bem em qualquer paisagem: na praia, em ambiente urbano, no campo. Como é larguinho, garante conforto. A delicadeza dele cai bem se combinada com peças delicadas ou se contrastada com as mais pesadas. Pensando em usá-lo na minha cidade, Belo Horizonte, penso que o combinaria com coturnos marrons (ou mesmo pretos), uma pulseira com toque “modernin” (afinal, estamos falando de “belzonti”) e óculos de “gatim”. Vai ainda um “queijim” e um “cafezim”. Pronto, do jeitim que a gente gosta!
Inté loguim!
Júlia