Vestido de folhas,
Vestido de letras

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Prossigamos com a nossa semana dedicada aos vestidos. Ao invés de pedir habituais e formais desculpas pelo sumiço nos últimos dias, ressalto que nosso compromisso não é com o relógio (com o tempo cronológico), mas com um certo desejo de escrita e refinamento da letra para os quais há um tempo outro, incerto.

O que está em causa, agora, especificamente, são os vestidos e a natureza. Passamos pelo traço de Gauguin, pelo seu desejo de conhecer o essencialmente natural. Mas antes mesmo que nos voltássemos para a obra deste pintor, a querida Lília Lima – cujo olhar tem sido preciso na leitura e na conjunta feitura da trama do nosso Vestido -, enviou-me algumas fotos de um projeto delicado que me capturou: Fashion in Leaves. Moda em folhas, Moda nas folhas. Indo além, podemos escutar no “leaves” (a princípio, “folha” na forma plural), o verbo “leave” (partir, conjugado na terceira pessoa do singular). Sobra uma preposição (in), mas, deixando-a de lado, temos “Fashion Leaves”. A moda parte.

Em Fashion in Leaves, Tang Chiew Ling, artista/designer da Malásia, se pergunta: é possível fazer moda com folhas? A artista se coloca esta questão a partir de sua prática, na qual explora diversos materiais para fazer poesia. Ling catou no jardim as folhas desperdiçadas pelas árvores e passou a tecer vestidos. Olhou para as folhas querendo lê-las, buscando nelas beleza, possibilidades. Encontrou diferentes formas, rugosidades, linhas, tons, variações. A partir disso, tendo como foco a elegância, ela teceu vestidos que se transformam com o tempo. Tecidos que mudam de cor/tom com o passar das horas. Por fim, ela desenhou partes de corpos de mulheres e, assim, vestiu a natureza de feminilidade.

Enchantée, Tang Ling. Merci.

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Audrey Hepburn se deu bem nessa.

Até mais!

Sobre crochet e Emma clothing

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Por entre as frestas demarcadas pelas mãos que deixam uma escritura em rendas e crochet, pode-se mirar a pele. Está aí o ponto onde poucos outros tecidos podem se comparar a esses: há gretas para o olhar, há uma escrita que se deixa ver em furos. O efeito especial está no revela/vela que mistura o corpo de quem veste com o corpo de quem escreve e, ainda, o de quem quer que olhe. Nesta trama, pode-se notar que o que está em causa no “vestir” é, justamente, esta mistura das peles através do tecido (do tecer) e este movimento de olhares e corpos que a roupa pode provocar.

Dentre as peças que mais admiro estão as que são feitas de crochet, de modo artesanal. Valorizam a beleza do corpo de quem veste através dos gestos (sempre presentes) de quem produziu as peças.

Há algum tempo admiro as peças da Emma Clothing, marca de roupas feitas de crochet. As peças são feitas à mão, no Zimbabwe, e a renda é revertida para famílias da região. Recomendo que visitem o site (entregam no Brasil).

O meu vestido favorito é o “over-sized”, que cai bem em qualquer paisagem: na praia, em ambiente urbano, no campo. Como é larguinho, garante conforto. A delicadeza dele cai bem se combinada com peças delicadas ou se contrastada com as mais pesadas. Pensando em usá-lo na minha cidade, Belo Horizonte, penso que o combinaria com coturnos marrons (ou mesmo pretos), uma pulseira com toque “modernin” (afinal, estamos falando de “belzonti”) e óculos de “gatim”. Vai ainda um “queijim” e um “cafezim”. Pronto, do jeitim que a gente gosta!

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Inté loguim!

Júlia

Descontinuum continuum

Um vestido de letras, literalmente. Um vestido revestido de palavras. Elas estão lá, inscritas. O que se tem a fazer – como num jogo de criança – é criar as ligações, de uma a outra, continuamente, sempre descontinuadamente. Entre uma palavra e outra: pausa, branco, não-palavra. É preciso costurar o ar até ir ao encontro do próximo significante a ser fisgado. De uma palavra à outra, infinitamente, mantendo o começo prosseguindo, a roupa vai ganhando forma. O corpo vai escrevendo e sendo escrito. O simbólico fisga o real, em alguns pontos. Vestido-pele-letra.

Nosso vestido começa a ser moldado por outros, antes de tomarmos a palavra. Um dia, a linha passa pelas nossas mãos. O que escrever? Que pele se pode tecer?

Poderia haver imagem mais literal do Vestido de Letras?

Esta é mais uma obra de Julia Valle, estilista/artista pesquisadora (www.juliavalle.com). Do site da artista retiramos o seguinte texto sobre a obra:

“O Continuum é um projeto cross-media e internacional, buscando colaborações infindáveis entre pessoas criativas de todo o mundo, a fim de produzir idéias autênticas e sensações sensoriais múltiplas. Foi fundado por Maja Mehle (Eslovênia) e Julia Valle (Brasil) e teve sua primeira exposição em Ljubljana, Eslovenia, na galeria SQUAT. Apresentou peças de vestuário exclusivas, fotografadas por Aljosa Rebolj, vídeo por Amir Admoni e trilha sonora por Alex Drimonitis. Abaixo, algumas imagens do projeto e arquivos para download.

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A bela nas fotos é a artista.

Toda minha admiração pelo trabalho desta moça tão querida.

Julia Valle acaba de lançar sua nova coleção – Flyingglow. Amanhã posto fotos das peças.

Beijos e boa semana!

Júlia

Dash Uniformes

Aqui estamos, de volta, abrindo a última semana de julho – mês que não deixa de ter gostinho de férias e tranquilidade, mesmo quando o trabalho não pára. Junto ao friozinho invernal (um pouco atrasado no caso de Belo Horizonte) chega este post que eu estava querendo muito publicar!

No dia 17 de julho participei do Workshop de Imagem da Dash Uniformes BH, empresa dirigida por Marcela Ohana, uma profissional cuja competência, seriedade e determinação eu tenho a honra de conhecer de perto. É dela a cabeça, o corpo e a alma por trás desta empresa fundada em 1990 e que já nasce com a qualidade e tradição da Klus (tradicional marca de roupas masculinas fundada por Salvador Ohana, pai de Marcela).

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Além da minha enorme admiração pelo trabalho da família Ohana na Klus, o que encanta de modo específico na proposta da Dash é a proposta de inserir um pensamento sobre estilo onde, geralmente, isso é deixado de lado, a saber: no ambiente de trabalho. A Dash elabora e fabrica uniformes profissionais masculinos e femininos. A questão do uniforme pode gerar controvérsia e precisa ser pensada caso a caso. Mas garanto que vocês ficariam impressionados e surpresos se vissem os uniformes elaborados pela Dash. Como eu disse para a Marcela no dia do evento, eu usaria esses uniformes para qualquer evento mais chique. O diferencial da Dash é fruto do investimento em pesquisa. A equipe responsável pela criação dos modelos de uniformes pesquisa sobre moda o tempo todo e – o que é ainda mais bacana – estabelece parcerias com estilistas como Tufi Duek. São uniformes realmente diferenciados, com pensamento sobre modelagem e investimento em matéria-prima de qualidade. Por isso tudo, a Dash Uniformes é uma referência na confecção de uniformes exclusivos para clientes em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e outros locais do Brasil e da América Latina.

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O evento foi oferecido para as clientes da Dash. Houve dois momentos: primeiramente Lázaro Lambertucci deu um curso de auto-maquiagem. Ficamos impressionadas com as transformações que ele fez em segundos. Além da destreza e agilidade que ele demonstra – por dom e/ou prática -, ele mostrou como a maquiagem pode ser elaborada de acordo com o tipo de trabalho ao qual a pessoa se dedica. Ele ensinou alguns truques dos bons e destacou que a maquiagem é o lugar da invenção, do toque singular de cada um(a). Em um segundo momento Patrícia Marques, consultora de imagem do Closet Inteligente deu algumas dicas sobre algo que me interessa muito (e imagino que a muitos/muitas): que tipo de roupa favorece cada formato de corpo. Acho que isso faz uma grande diferença na hora de montar uma produção! Claro que a gente pode optar por ir contra as regras e os “favorecimentos” aos olhares dos outros, mas é bom saber os truques, pelo menos para optar.

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Docinhos_TRATADO

Lembrancinhas

Inspirações das quais a equipe Dash se vale para criar os uniformes:

dash_inspiracoes_TRATADO

inspiracao_casaco_chanel_TRATADOA Dash continuamente oferece workshops para suas clientes. O interessante é que são eventos de moda. Isso resulta em um diferencial no visual da empresa.

Parabéns pelo belo trabalho Marcela Ohana e demais integrantes da Equipe Dash! Gostei muito de participar do evento! Sucesso!!!

Espero que tenham gostado. Taí: a moda de outro modo.

Beijos,

Júlia

Observação: As lembrancinhas, as etiquetas dos salgadinhos e docinhos e os rótulos personalizados das garrafas de água foram fornecidos pela Sweet Details.

Convite:
Flyingglow

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Julia Valle é uma estilista que, na linha de Nakao, costura o invisível. Falei do trabalho dela aqui e vou falar sempre e mais. Hoje (27/07/2013), esta artista de vôos precisos lança sua nova coleção, Flyingglow, que foi elaborada com base em fotografias aéreas feitas por ela durante uma viagem pela Espanha e pelo Marrocos em 2012. Tive a oportunidade de ver as peças da nova coleção e afirmo: poesia. A coleção está lindíssima!

E, como era de se esperar, algo inesperado: as peças da coleção estarão em promoção no dia do lançamento e, depois disso, voltam a custar o preço de tabela, sem os bem vindos descontinhos. Mais um motivo para comparecer ao lançamento que acontece a partir das 17hs na Casa Ramalhete – Rua Ramalhete, 611, Serra. Estarei lá. Vou cobrir o evento e logo mais faço um post.

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Saiu uma nota na Elle sobre o lançamento. Leiam aqui.

Beijos,

Júlia

Zás!

Desde que comecei a bordar este Vestido de Letras, a associação da moda a outras formas de expressão artística se tornou muito mais intensa em meu cotidiano. Roupas me remetem a obras. Quando tento fazer combinações de cores para montar uma produção, me valho das combinações criadas por pintores, desenhistas, grafiteiros, cineastas. É impressionante como as paletas de cores que eles nos apresentam – e o modo como pintam o mundo – ampliam o universo das combinações possíveis. Pode-se ir além das combinações de cores e formas eleitas como “tendências”. A criatividade é exercitada em passos de ousadia, na experimentação, no desejo de fazer diferente, sem prescindir de dialogar com quem criou antes.

Ao tecermos nossos vestidos, vamos traçando e tramando um estilo que se expressa materialmente. Nessa tecitura, vamos definindo de qual tipo de matéria-prima nos valeremos para materializar nossa escrita no corpo. Na escolha de onde comprar, como comprar e do que comprar, há que se colocar pensamento, afeto e delicadeza. A Zás! é uma das minhas lojas favoritas de roupas e acessórios. Por quê? Porque eles realizam uma seleção cuidadosa dos produtos que vendem e investem em peças com um toque urbano e uma variedade grande de cores, estampas, padronagens e modelagens. A loja parece um closet, você se sente a vontade para criar várias combinações e exerimentar. Tem opções para vários tipos de ocasiões. Ah, outro ponto fundamental: a equipe da loja é muito querida e disponível. Enfim, estou indicando aqui porque gosto mesmo! A Zás acaba de lançar a nova coleção. Fui até a loja e montei algumas combinações. Encontrei peças que me permitiram criar. Vamos ao resultado:

Comecei misturando amarelo, preto, branco e vermelho, padronagens e estampas variadas. Achei que o resultado ficou alegre, vivo!

Gosto muito desta mistura de cores. Achei cada peça desta produção especial, muito lindas! Podem ser usadas separadamente pois destacam-se uma a uma.

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Bolinha com bolinha! Clássico e divertido!

Esta produção é bem no estilo que eu admiro, porque é divertida sem cair no infantil e pode ser usada em diversas ocasiões. Estou curtindo muito calças largas.

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Pinceladas de preto no branco e uma golinha azul para colorir o corpo.

O interessante é que esta gola é removível. Então, dá para usar com ou sem o azul. A bolsa tem um quê retrô e dá para ser levada com ou sem alça. Gostei bastante! Com batom vermelho ou laranja então…

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Na Zás! há várias outras peças que estimulam a criatividade. Recomendo irem até lá conhecer!

A loja fica em Belo Horizonte, na Rua Tomé de Souza, 821, loja 1, Savassi. O telefone: 3227-8060.

Para visitar o site da Zás!, clique aqui.

Boa semana para nós! Vamo que vamo!

Beijo,

Júlia

Tempo de Moda
no Vestido de Letras


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As produções que mais fisgam meu olhar, são as compostas com peças clássicas em preto e branco, misturadas com outras coloridas, com apenas alguns pontos de muita cor vibrante. Acho interessante que as cores vivas (bem vivas!) se concentrem nos acessórios, nas extremidades. Isso não favorece as baixinhas – como eu -, pois não alonga a silhueta. Mas finjo que nem sei disso e opto pelo que considero charmoso acima do que pode tentar me fazer parecer mais alta – e que nunca vai ser eficaz. Sou baixinha com certo orgulho e acho legal ser mignon. Mas também devo confessar que, ao montar este look, comecei por um truque de “alongamento“. As calças brancas e de cores neutras dão destaque às pernas e fazem com que o corpo pareça mais longo, pelo menos no meu caso. Em uma consultoria da qual participei esta semana (contarei mais em um outro post, em breve), descobri que meu corpo tem formato triangular e que investir em calças, shorts, bermudas e saias em tons mais claros e com estampas faz com que minha silhueta fique mais equilibrada em termos de proporções.

Quanto às peças do look, adorei cada uma delas! Mesmo! A blusa modelo peplum (acho lindo!) com detalhe de renda preta é básica, elegante e tem um toque de romantismo – o que adoro. O casaco é a versão em preto e branco de um outro que usei aqui, e o sapato é a peça favorita da produção. Os sapatos coloridos são diferenciados, menos comuns. Estes têm modelagem e cor lindas. Quem se interessar pelas peças, aproveite. Estão todas em promoção. Para terem uma idéia, este sapato está custando R$84,99 (também em azul e preto), a blusa peplum R$49,99 e o casaco R$139,99. Vocês podem ter acesso às peças através do portal Tempo de Moda.

Quem sempre investe em looks em preto e branco e com acessórios coloridos é a Olívia Palermo. O estilo dela é super único e uma boa fonte de inspiração para quem curte um estilo mais clássico e romântico. Vejam algumas imagens:

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Espero que encontrem aqui alguma inspiração!

Vocês podem, também, montar seus looks no Tempo de Moda.

Um beijo,

Júlia

Obs: Agora sim os links acima estão corretamente direcionados. 🙂

Vamos vestir Magritte

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Expressar-se artisticamente livre do controle do pensamento. Criar sem se ater a padrões estéticos ou morais. Compor novas formas de modo que o funcionamento do pensamento venha à tona, fazendo ver suas contradições, falta de lógica, bizarrices, seus elementos surreais. Fazer dos sonhos material de trabalho. Produzir uma arte que não seja escrava da racionalidade e dos padrões vigentes.

Estes eram alguns dos princípios do surrealismo, movimento artístico encabeçado pelo poeta, crítico e psiquiatra francês André Breton, na década de 20. Fortemente influenciado pelas inovadoras idéias de Freud – o qual considerava os sonhos a via régia de acesso ao inconsciente -,  o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa, propõe que o fazer artístico seja realizado em estado de automatismo psíquico – ou associação livre – buscando atingir uma realidade superior, descrita como “maravilhosa” no Manifesto Surrealista de 1924.

O surrealismo foi fortemente influenciado pela psicanálise. Salvador Dali, Luis Buñuel, Max Ernst, Antonin Artaud e outros artistas criavam formas que deixavam ver que a riqueza do pensamento humano, que vai muito além do que costumamos dizer ou mesmo pensar que pensamos. Mas, e se a estética proposta pelos surrealistas invadisse o campo da moda? Como fazer ver o funcionamento inconsciente nas roupas, nas composições, naquilo que adorna o corpo? Como fazer a corpo sonhar? Como sonhar com as roupas estando acordado?

O fotógrafo Andrew Matusik inspirou-se em Magritte e fez um belo ensaio para a Revista Genlux, no inverno de 2008. O resultado é muito interessante, associando a elegância ao Estranho. Ontem, em nosso Look do Dia com Arte, nos inspiramos em uma das fotos deste ensaio. Hoje trago, para vocês, mais fotos do editorial. Afinal, é impossível pensar moda sem sonho e este sonho não precisa, necessariamente, ser o da princesa e seus sapatinhos. Podemos extrair formas mais complexas, únicas, bizarras da dimensão onde realmente somos e nem pensamos.

Observação: atenção para os penteados!

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Processo de composição. Da inspiração em Magritte à foto do editorial:

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Preto e branco bombaram no ensaio. Maravilha!

A proposta do Vestido de Letras vai de encontro à deste editorial: se inspirar em fontes interessantes, incluir novas formas em seu modo de se colocar no mundo. O surrealismo é um bom ponto de partida, de abertura.

Espero que tenham gostado. Boa quinta-feira!

Beijos,

Júlia

Tempo de Moda
no Vestido de Letras

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Fiquei com vontade de contar para vocês sobre a recém-criada e preciosa parceria do Vestido de Letras com o Tempo de Moda. Neste post contei que o Vestido de Letras (então chamado “The Written Style”) foi um dos três projetos selecionados (dentre dezenas de outros!) para participar do Painel de idéias para conteúdos online sobre moda do ModaCamp 2013, do Instituto Europeo di Design (IED). Neste painel, os selecionados apresentaram suas propostas para o público (o presente e o que acompanhava por streaming, isto é, ao vivo, via internet) e para uma banca de especialistas. Ao final da apresentação, os membros que compunham a banca prestavam uma espécie de consultoria, apresentando uma visão crítica a respeito das propostas e oferecendo sugestões que pudessem contribuir para o avanço dos projetos.

Uma das integrantes da banca era a Déborah Lopes, publisher do Tempo de Moda. A Déborah, uma pessoa muito querida, fez uma leitura preciosa e rigorosa da minha proposta e deu dicas que foram fundamentais para o meu trabalho. Nosso encontro foi tão rico que decidimos fazer uma parceria entre o Tempo de Moda e o Vestido de Letras.

O Tempo de Moda é um site super bacana que nos estimula a estarmos atentos à previsão do tempo ao pensarmos no que vestir. Lá você pode montar diversos looks e criar uma galeria com seus arquivos. Graças à nossa parceria, todas as sextas-feiras vocês encontrarão por aqui um post em que apresento um look montado no Tempo de Moda a partir da previsão do tempo do dia para Belo Horizonte. Por outro lado, o Tempo de Moda publica quinzenalmente posts do Vestido de Letras (vejam o que foi recentemente publicado por lá clicando aqui).

Pois bem, agora sim vocês estão por dentro! Vamos ao look. Partimos da previsão do tempo. Parece que teremos mais um dia ensolarado, sem chuva e com temperaturas oscilantes: de 12 a 25°C! Haja criatividade para compor uma produção que atenda a zonas climáticas planetárias distintas. Mas confesso que compor este look foi fácil. Como está fazendo frio geladinho, comecei pelo casaco. Os casacos/sobretudos que mais me agradam são os de estampa geométrica e os coloridos (todo verde ou todo amarelo, e por aí vai). Casacos assim garantem um toque de charme para o look. Do casaco fui para a calça. Como não sou fã de calça jeans (não tenho sequer uma em meu guarda-roupas), quando uso uma peça colorida como este casaco opto por calças em tons neutros, tentando fugir do preto de sempre. A camisa foi amor à primeira vista. Adoro camisas com babados (esta é linda, não?!). Um cintinho para dar um toque de elegância e para definir a silhueta (truque de quem não tem cintura de pilão) e uma bolsa grande e elegante para encarar o dia de trabalho. Como não há previsão de chuva, vou de salto porque hoje é sexta, dia em que a fresta para o inesperado é maior. Vai que…

Espero que possam se inspirar neste look. Criem os de vocês também. É um ótimo exercício.

Beijos,

Júlia

Look do dia com Arte:
dar corpo à cor com Hélio Oiticica

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Hélio Oiticica, Invenção da cor, Penetrável Magic Square # 5, De Luxe, 1977, foto: Carol Reis

Hélio Oiticica, Invenção da cor, Penetrável Magic Square # 5, 1977. Foto: Carol Reis

Da tela que abriga a pintura para o espaço do Museu do Inhotim, vamos ao encontro de uma obra instigante e penetrável: Invenção da cor, Penetrável Magic Square #5, do (anti)artista carioca Hélio Oiticica (1937-1980). O labirindo colorido, incrustado na paisagem e a ela misturado, é um convite ao corpo. “Venha”, escuto. E vou. Com o corpo em movimento, vários sentidos são convocados pela ativa participação na obra: o olhar, o tato, a audição… a percepção, enfim. A cada quina, uma outra perspectiva, outras sensações, outra composição formada pelas misturas de paredes, cores, frestas, materiais. O olhar ali são vários… em mutação. O chão é de pedras e produz sons que variam de acordo com a movimentação de cada corpo e a ação variável do vento. O corpo se mistura à paisagem e torna-se parte da obra. Sorrisos vêm a tona. A cor ganha corpo, o corpo ganha cor. Trago as bolinhas (pois), que tanto adoro, para esta brincadeira. Gosto do modo como os pequenos círculos (em vermelho e branco) da estampa da blusa se destacam  das linhas de Oiticica. O preto – cor base da produção – impede que eu me funda completamente ao magic square. A bolsa não é tão lúdica pois o dia era, também, de trabalho. Nos pés, o corforto dos clássicos, que, neste dia, tocaram o contemporâneo.

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Blusa: Kinca/Shorts: Luisa Accorsi/Bolsa: Lenny e Cia/Sapatos: Arezzo

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                               Fotografia: Pedro Aspahan

Esta obra de Oiticica estabelece relação tanto com a arquitetura quanto com a natureza. Acho isso incrível e potente!

Recomendo fortemente uma visita ao Inhotim. O museu possui um acervo de cerca de 500 obras, com foco na arte contemporânea. Os jardins do museu – onde se encontram muitas das obras – são preciosos. O Inhotim localizado bem pertinho de Belo Horizonte, em Brumadinho. O endereço: Rua B, 20, Inhotim  Brumadinho – MG, 35460-000, Brasil, Tel: +55 31 3571-9700.

E, pegando o embalo, uma pequena digressão: Hélio Oiticica era militante da causa gay. Já que estamos falando de cores e beleza – mas em tempos de fortalecimento de ideais da direita e da disseminação de discursos totalitários e repressores – coloco-me aqui a favor da liberdade de expressão sexual e da manifestação da diversidade de gênero para todos os sujeitos. Este discurso de que homossexualidade é doença soa como uma defesa contra a feminilidade com a qual todos nós – falantes – temos que lidar. Se é pra lidar com isso, melhor que seja com cores, flores, letras.

Beijos e até logo!

Júlia