A escrita é um dos recursos para construir um corpo. Por isso, me ponho a escrever. Vou compartilhar alguns escritos por aqui. Publicando, a experiência escrita é compartilhada, tem outros destinos.
Menina-buraco-letra
Uma criança diante de uma voz ensurdecedora. Voz que bate em seu corpo. A menina não pode reagir à altura – estaria optando pela loucura. Então, acha uma saída e entra em seu quarto onde guarda, dentro do armário, atrás de suas roupinhas, um pequeno quadro negro preso à parede. No fundo do armário fundo. Lá, onde não é vista pela voz, escreve respostas engasgadas. Escreve de forma singular: desenha uma letra sobre a outra de forma que todo o escrito se torne ilegível para outros olhos. Ali aprende a se esconder. As letras sobrepostas se transformam em borrões, em pontos negros. Todas as letras numa só letra: condensado do que deveria ser dito. Tudo-nada dito. Buraquinhos negros que guardam o indizível. A letra toca o corpo. No silêncio, ela diz, escreve e borra o próprio escrito. Mal sabe ela, em sua pequenez, que “o passaporte para a parte legível do mundo nunca lhe seria concedido” (Juliano Pessanha). Ela também não sabe ler o que escreve. Mas escreve. Para sempre estrangeira, analfabeta da língua, letrada. Menina-buraco-letra em meio a vestidinhos.
Muito bonito. Uma constelação, uma galaxia infinita… mas que cabe em um armário… ou talvez em um vestidinho. Melhor assim. Aí o buraco pode variar a borda, a letra, a modelagem, a cor. Deus abençõe nosso vestidinho de cada dia (às vezes eles tem florzinhas…)!
Fê,
você vai no ponto! preci(o)sa!!!
sim, sim, deus abençoe nossos vestidinhos nossos de cada dia e, também, nos abençoe, nós costureiras das bordas.
e que as cores e as florzinhas possam habitar nossas galaxias…que haja ar, sempre ar.
Isso! deus nos abençoe… aliás amo conviver com seus cortes, suas costuras, suas cores, suas estampas… ar para respirar e suspirar. Beijo.
Me lembrei do quanto você é linda. Chorei, como uma menina.
Linda é você, Dani, com esses olhinhos puxados e delicados que vêm além.
Lágrima no encontro. Fino, como sempre são os nossos.
Saudade da sua beleza.
Que beleza, Julia! Adorei. Nos mostre sempre seus escritos…beijo!
Manoela,
Ah, que alegria ver que você passou por aqui, leu e ainda deixou este recado gostoso.
Que bom que você gostou. Você deve saber que admiro o seu olhar. Sei do seu gosto…
Vou continuar escrevendo… Venha sempre ler/mirar! Um prazer!
Beijos!
Júlia