Minha primeira lembrança clara de um pensamento ligado à moda é a seguinte: de manhã, bem cedinho, a caminho da escola, avisto, através da janela do carro, a loja onde se encontravam as mais lindas roupas de crianças – era o que minha mãe e minha irmã sempre me diziam, atiçando meu desejo. Eu era, então, uma menina de sete anos em busca de signos da feminilidade. Naquele dia, lutando contra a rapidez do carro, consegui alcançar com os olhos a vitrine, na qual estavam expostas roupas apenas em preto e branco. Preto e branco e nenhuma cor a mais. Preto e branco e ponto. E pronto: me apaixonei por aquela imagem e, acompanhada pela crença na eternidade que as crianças geralmente carregam, pensei: “eu podia vestir só de preto e branco para sempre”.
Aquela imagem marcou meu gosto e esse pensamento nunca me abandonou – mesmo tendo de reconhecer o aspecto finito de tudo que é vivo. Hoje, o preto e o branco são a base do tabuleiro que orienta as sequências das escolhas que faço ao criar minhas produções. Considero que as combinações de peças nessas cores têm, de saída, potencial para a elegância e para a sofisticação. Mas, ao contrário do que se poderia pensar, não considero ser tarefa fácil montar um look em preto e branco. É preciso trabalho para atingir a simplicidade, para se livrar dos excessos e dar destaque ao mínimo, ao grão a partir do qual a pérola se forma.
No que tange a questão da língua, a sabedoria popular brasileira aponta que “preto no branco” diz respeito a franqueza, a um acesso direto à verdade – sem firulas ou excessos. Por outro lado, no que diz respeito à escrita, ter um material preto e outro branco permite ao sujeito fazer sua inscrição, deixar marcas simbólicas pelo mundo. Compondo em preto e branco, um sujeito escreve suas verdades – muitas vezes ilegíveis.
Blusa: Asos/Saia: Asos/Sapatos: Arezzo/Cinto: Luigi Bertolli/Bolsa: comprada na Itália
Fotografia: Pedro Aspahan
Obrigada por acompanhar o blog!
Boa semana!
Beijos,
Júlia
Gamei neste look. Perfeito !
bj
Márcia!
Confio no seu gosto. Que bom que gostou!
Fico feliz por saber que você anda por aqui.
Um beijo,
Júlia
Ju, ameeei seu look !! Assim como vc, tbm adoro um look monocromático!!
Bjinhus, saudades
Hellen, que alegria receber seu comentário aqui, te ter como leitora e escritora no blog! Sim, comentários são textos… criação.
Este look ainda tem duas cores, mas os monocromáticos são meus favoritos! Tudo de uma cor só… Lindo!
Saudade tb!
Beijos!
Linda. Uma escrita do corpo. Escrita que faz corpo. Escrita encorpada. Escrita encarnada. Uma pérola!
Lembrei de ti. Dia 05 de setembro vou falar sobre o dandi na EBP dentro do contexto do ENAPOL: “Falar com o corpo” (em B.A.: vamos?). É 5af… acho que tem articulações com o que você tem trazido na escrita do seu blog.
Mas, com diferenças: o dandi dos dandis não deixou uma só palavra escrita… ele causou a escrita, mas nada escreveu. Claro que por isso ele não deixa de ser um personagem. Mas um personagem muito peculiar e interessante para pensarmos as questões sobre o copo e a linguagem que o atravessa. O dandi dos dandis causava com um estilo, estilo inscrito no próprio corpo! Tô gamada nesse tema! Acho que vc também vai curtir. Vai lá que quero te escutar nessa discussão!
Estarei lá com toda certeza para escutá-la e para participar da discussão! Fiquei interessadíssima nessa questão do dandismo… super curioso. Esta mescla do estilo com uma marca (inscrita, para além do escrito), é algo a ser pesquisado, mais e mais. Vamos conversar mais sobre isso. Tenho muito para te contar tb. Não imaginas onde li este seu comentário… Te direi em breve. Correria.
Beijos!
Lindo o look!
Que bom que você gostou, Naninha!!! Beijos, querida!
Linda! Galo! rs
Haha! É isso aí, Mai!
No dia em que usei esta roupa minha priminha ficou brincando com isso. Comemorando!
Obrigada!
Bom demais ter seu olhar aqui.
Beijos!