O estilo que cada corpo imprime no mundo reflete o modo como cada sujeito lida com seu desejo. Cheguei a esta conclusão através de minha própria análise – pois meu estilo foi mudando ao longo do processo – e, também, viajando por blogs oriundos de diferentes partes do mundo. Percebo que as blogueiras de países nórdicos – tais como Holanda, Dinamarca, Finlândia, dentre outros – têm uma destreza impressionante para criar produções ousadas, sofisticadas e simples, tudo ao mesmo tempo. Sem afetações – e com um refinamento preciso e precioso em cada detalhe. Costumam optar por cores mais sóbrias e neutras – influenciadas pelo clima, talvez – e investem na experimentação das texturas dos tecidos, dos volumes que podem ser gerados e no caimento das peças. Na escolha dos acessórios, são primorosas: as peças são diferenciadas e resignificam a composição. Admiro muito essa combinação de habilidades e este investimento nos detalhes de forma sutil, valorizando a delicadeza. Isso envolve uma atenção aos grãos – que a escrita também implica. Trabalho em ponto de letra, preto, branco e muito mais.
Um dos blogs que seguem essa linha – e talvez um dos primeiros que eu tenha começado a seguir em minhas pesquisas – é o Afterdrk, da holandesa Sabrina Meijer. Ela afirma ter criado o blog (em 2009), com a intenção de atrair pessoas ávidas por idéias ligadas a moda e que apreciam a simplicidade associada a toques de ousadia. Sabrina traz algo singular ao cenário. Ela cria um efeito boyish (masculinizado) em suas produções, pegando várias peças emprestadas do guarda-roupas do namorado. Tem uma feminilidade explícita, mas cria um contra-ponto interessante. Surgem pontos de vibração, cor e requinte em meio a peças clássicas, de corte simétrico. Alterna entre delicados sapatos de salto, tênis e chinelos mais arrojados. Enfim, onde você menos espera surge uma deliciosa surpresinha.
E vocês, que efeitos têm criado no mundo?
A inspiração serve para tomar fôlego, mas o que um corpo expira é sempre algo único. No fim das contas, cada um fala uma língua, seja aqui ou acolá. A riqueza está em buscar captar letras dessa língua, traduzir, transpor, criar sempre uma língua nova.
Beijos,
Júlia
Faz tempos que não acompanho o blog da Sabrina, mas o estilo minimalista dela me conquistou assim que conheci seu trabalho. Ela transmite toda sua delicadeza e cuidado através da escolha das peças, e os acessorios complementam com harmonia o estilo. De fato, trata-se de traduzir quem somos, e também como nos sentimos em determinado momento, através de diversos elementos, e o estilo é um aspecto extremamente interessante de analisar como nos traduzimos!
Acho que você usou uma palavra-base para pensar a questão do estilo: tradução. Está em causa traduzir algo para o outro – no sentido de expressar -, mas isso inclui traduzir para nós mesmos. Ir das impressões às expressões… novas impressões, agora no mundo. Por isso, podemos falar em transposições também. Passar de uma coisa a outra coisa, dar um salto, como aponta Jean Allouch. Sempre sem a certeza de quem “somos”, não é?! Daí o gancho com a psicanálise e a literatura.
Fiquei super feliz com a novidade de que você agora é master, Nati.
Obrigada pela sua leitura.
Um beijo!
Jú
Júlia,
que surpresa boa e gostosa seu blog!!! Adorei a ideia, a articulação da escrita, da letra, da psicanálise, do corpo, do desejo, da moda! E com todo seu estilo, que lhe é próprio e marcante em você! Achei um sucesso!!! e mais sucesso te desejo!
beijo grande
Raquel
Raquel,
Surpresa boa e gostosa é ter você aqui! estas articulações têm a ver com nossas pesquisas, não é? Digo nossa porque partimos da letra, mas cada um(a) segue uma direção. bom poder ter a sua leitura, o seu olhar, a sua companhia nesta minha pesquisa que estou achando deliciosa. Adorei seu comentário sobre o meu estilo. A certas coisas só temos acesso por meio desses retornos. Obrigada. Sucesso para nós! Adorei seu comentário. Venha sempre!
Beijinhos com carinho,
Júlia
Também admiro muito essas blogueiras de países nórdicos. Acho tão massa o estilo delas. Parecem que elas nunca erram. Nem menos, nem mais: no ponto! Mas admito que tenho dificuldade de encarnar esse estilo. Parece que fica de menos pra mim… aí quando vejo já me “emperequetei”! hihi…
Carol,
É, elas conseguem dosar super bem… tem uma medida precisa, rigorosa, admirável. Para nós, brasileiras, cria um contraponto. Mas com certeza erram tb. Né?! Mas o legal é que não dá mesmo pra encarnar um estilo assim, sem fazer alterações. Viva a singularidade, que resiste! Você tem um estilo próprio, super charmoso, admirável.
beijinhos,
Jú