Look do dia na Pintura:
Suzanne Valadon e as calças listradas

O quarto azul, Suzanne Valadon, 1923

O Quarto Azul, Suzanne Valadon, 1923

A obra O quarto Azul, de Suzanne Valadon, retrata uma figura cuja imagem destoa de grande parte dos retratos em que as mulheres encontram-se nesta pose: deitadas, usualmente nuas. Neste quarto azul há uma mulher cujo olhar não se dirige à pintora da obra. Seu olhar é para o Fora. Livros, um cigarro, cabelos presos. O corpo dela é farto e a silhueta marcada por peças de cores contrastantes. A imagem carrega um ar de conforto, e sua protagonista um sex appeal singular. Linda a mistura das listras verdes e brancas da calça larga com a camiseta rosa claro, com alças duplas (a cor rosa ganhará espaço na próxima estação, primavera/verão 2013). O soutien não aparece. Talvez tenha sido rasgado. Nestes traços de perfume feminista, há espaço para livros e cigarro. A mulher também pode se colocar assim – e assado -, como quiser. Ela não precisa estar nua para ocupar a parede de um museu. A mulher pode ser retratada de várias formas, pois não é uma. A mulher não é o que se espera dela. A mulher não é aquela. A mulher não é. Precisa se inventar.

Suzanne Valadon foi garçonete e trapezista em Paris. Só deixou a vida circense en função de uma queda. Da queda, o salto. Passou a trabalhar como modelo para pintores como Renoir e Toulouse-Lautrec. Observando o trabalho desses artistas enquanto posava para eles, incorporou traços e técnicas. Indo além, imprimiu seus riscos com pincéis. Tornou-se pintora. Edgard Degas comprou algumas de suas peças. Em 1894 Valadon foi a primeira mulher a fazer parte da Sociedade Nacional de Belas Artes da França.

Quis trazer este look criado por Valadon porque fiquei absolutamente encantada com a mistura dos tons mais quentes da roupa e dos livros com os tons mais frios do quarto. Experimentei tampar os livros e observar o quadro. Agora destampem os livros (que têm tons quentes). Para onde vai o seu olhar em cada caso?

Acho a estampa de listras da calça extremamente elegante, sobretudo em peças largas. Para o meu gosto, as calças listradas são mais lindas se forem pantalonas (de modelagem ampla). Se as listras forem em preto e branco, vão vem com vermelho, laranja, azul. Vejam alguns exemplos nas imagens abaixo:

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Costumo desgostar (mesmo, com força!) de calças justas listradas. Acho brega. Gosto de algumas peças que fogem das tradicionais listras P&B e, também, quando as listras P&B são finas. Enfim, fujo das justas que são “tendência” atualmente. Gosto de peças assim:

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Entre 24 de maio e 14 de julho deste ano (2013) o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB/RJ) recebeu a exposição ELLES: Mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou. A exposição de Arte Moderna e Contemporânea reuniu trabalhos de artistas mulheres – as quais só ganharam espaço como protagonistas no universo da pintura após meados do século XVII. Até então as mulheres ocupavam a função de modelo e inspiração para pinturas, mas não a de protagonistas. A exposição ELLES reúne obras maravilhosas, tem um cunho político e me inspirou na escrita do texto do post de hoje. Aos poucos vou trazendo mais obras que integraram a exposição. Tem tudo a ver com o Vestido de Letras.

Pessoal, tem um link aí em baixo “Deixe seu comentário/Leave your comment”. Claro que comentar é opcional, mas adoraria que vocês deixassem suas marcas. Se não eu fico falando sozinha. haha

Forte abraço,

Júlia

Vamos vestir Magritte

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Expressar-se artisticamente livre do controle do pensamento. Criar sem se ater a padrões estéticos ou morais. Compor novas formas de modo que o funcionamento do pensamento venha à tona, fazendo ver suas contradições, falta de lógica, bizarrices, seus elementos surreais. Fazer dos sonhos material de trabalho. Produzir uma arte que não seja escrava da racionalidade e dos padrões vigentes.

Estes eram alguns dos princípios do surrealismo, movimento artístico encabeçado pelo poeta, crítico e psiquiatra francês André Breton, na década de 20. Fortemente influenciado pelas inovadoras idéias de Freud – o qual considerava os sonhos a via régia de acesso ao inconsciente -,  o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa, propõe que o fazer artístico seja realizado em estado de automatismo psíquico – ou associação livre – buscando atingir uma realidade superior, descrita como “maravilhosa” no Manifesto Surrealista de 1924.

O surrealismo foi fortemente influenciado pela psicanálise. Salvador Dali, Luis Buñuel, Max Ernst, Antonin Artaud e outros artistas criavam formas que deixavam ver que a riqueza do pensamento humano, que vai muito além do que costumamos dizer ou mesmo pensar que pensamos. Mas, e se a estética proposta pelos surrealistas invadisse o campo da moda? Como fazer ver o funcionamento inconsciente nas roupas, nas composições, naquilo que adorna o corpo? Como fazer a corpo sonhar? Como sonhar com as roupas estando acordado?

O fotógrafo Andrew Matusik inspirou-se em Magritte e fez um belo ensaio para a Revista Genlux, no inverno de 2008. O resultado é muito interessante, associando a elegância ao Estranho. Ontem, em nosso Look do Dia com Arte, nos inspiramos em uma das fotos deste ensaio. Hoje trago, para vocês, mais fotos do editorial. Afinal, é impossível pensar moda sem sonho e este sonho não precisa, necessariamente, ser o da princesa e seus sapatinhos. Podemos extrair formas mais complexas, únicas, bizarras da dimensão onde realmente somos e nem pensamos.

Observação: atenção para os penteados!

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Processo de composição. Da inspiração em Magritte à foto do editorial:

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Preto e branco bombaram no ensaio. Maravilha!

A proposta do Vestido de Letras vai de encontro à deste editorial: se inspirar em fontes interessantes, incluir novas formas em seu modo de se colocar no mundo. O surrealismo é um bom ponto de partida, de abertura.

Espero que tenham gostado. Boa quinta-feira!

Beijos,

Júlia

Look do Dia na Pintura:
vestido de boneca

Jenny McKean as Infanta, George Benjamin Lucks (____)

Jenny McKean as Infanta, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Na noite de sábado a menina – esta, que escrevia dentre vestidinhos (leia neste post) – dormia acompanhada de um sorriso mais demorado quando sabia que o programa de domingo seria ir à Feira Hippie comprar roupas novas para as suas bonecas Barbie. Essas eram uma de suas paixões, tinham o poder de fazer disparar histórias do “para sempre” com as amigas e criavam uma abertura para um mundo imaginário onde os corpos das meninas se misturavam aos das bonecas. Os corpos das meninas se misturavam aos das mulheres – e isso era delicioso para a menina que tinha pressa de ser algo além.

A menina cuidava de sua coleção de bonecas com todo zelo do mundo e escolhia a dedo quem brincava com elas pois levava a brincadeira a sério. A caminho da feira, deixando o olho deitar e mirando a passagem rápida da cidade pelos vidros do carro – movimento embalado pela voz da mãe – a menina já ia sonhando e contando quais e quantos sapatinhos compraria, quais modelos de blusinhas gostaria de encontrar para vestir tal e tal boneca (ia inventando modelagens…), mas suspirava mesmo ao pensar nos vestidos, peças que sempre davam uma graça a mais aos corpos esbeltos das Barbies.

Ao chegar à feira, era conduzida pelas mãos da mãe que a agarrava com força e amor, tentando diminuir o risco de se perdessem na multidão. Depois de atravessar fileiras e mais fileiras de barracas, chegavam à parte da feira onde só se vendia brinquedos. E era lá que se encontravam as senhoras – sim, pelo que a menina lembra, quase sempre eram senhoras – que costuravam as roupas de suas bonecas, as suas roupas. A negociação começava pelo olhar. A menina olhava os olhos da vendedora e dali já extraia desejo ou não-desejo pelas roupas. Porque ela acreditava – e ainda acredita – que tudo começa no afeto/ideia – no olhar/corpo. Antes das roupas vem aquilo que as anima. É isso, antes de tudo, que um corpo veste. Naquela nogociação de olhares, vozes, gestos, a menina escolhia, antes das roupinhas, qual senhora queria para ser a autora das formas que levaria para casa. Escolhida a vendedora, passava a escutar o que esta lhe dizia a respeito do estilo das roupas, do corte, modelagem e costura. Com a ajuda da mãe, ia imaginando, misturando seu corpo aos das bonecas, pensando nas imagens que catava – com a ajuda do olhar da irmã mais velha – em revistas de moda, vitrines, na tv e pelas ruas, e ia escolhendo os sapatinhos, as saias, as blusas, os vestidinhos, as bolsas, formas… Que ecoariam dali em diante.

Este era um de seus programas prediletos. Preferia comprar roupas para as bonecas do que para ela mesma. Porque neste processo o que se dava era um enlaçamento, em ponto de letra, entre o seu corpo, o corpo da mãe, o da irmã, os das senhoras costureiras, os das bonecas e o da mulher que ela desejava ser.

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Essas lembranças infantis foram disparadas pelas imagens do desfile da coleção criada pelo estilista Fause Haten para a 35a Edição da São Paulo Fashion Week, a SPFW13/14. Haten é estilista, mas também é músico, ator e figurinista. Conjuga várias formas de arte nas formas que cria e, com isso, imprime uma letra única, musical e teatral, nas roupas. No desfile em questão, teve a brilhante idéia de acessar o infans que habita todos nós da forma mais linda possível – pelo menos no caso das meninas/meninos que brincaram de bonecas. Quando os espectadores dos desfile esperavam que entrariam modelos na passarela, lá vieram as marionetes. Sim, bonecas no lugar de modelos (pois é assim que funciona). As bonecas representavam modelos que o designer gostaria de ter na passarela e algumas que já haviam desfilado para a marca. As marionetes desfilaram vestidos suntuosos, trabalhados em cada detalhe, com cores e modelos bastante variados. Vestidos à la red carpet. Glamour, sonho, fantasia, desejo. Os vestidos costuraram, mais uma vez, o corpo das bonecas, aos das meninas-mulheres e ao do estilista (como acontecia, também, em meus domingos de Feira Hippe). Haten conseguiu dar forma a um universo encantador que nos habita e brincou com o tempo e as lembranças, acessando um ponto do corpo em que a linguagem é tão infantil e tão atual. Resultado: desfile memorável aplaudido de pé.

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Fause Haten com suas crias

Fause Haten com suas crias

Incrível, não?!

Conseguem identificar a Maria Rita (cantora) em meio às “modelos”?

Vamos brincar de boneca?

Beijos e boa semana!

Júlia

Obs: A Feira Hippie é uma enorme feira de artesanato (e outros) que acontece aos domingos, na Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte. Vale a pena conhecer!

Look do Dia na Pintura:
a cereja do bolo no cabelo

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Luks

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Girl with pink ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Duas versões de Girl with a pink ribbon, de George Benjamin Luks (1867–1933), retratos singulares de duas jovens enlaçadas pelos delicados detalhes que enfeitam e amarram suas medeixas. A primeira menina tem uma suavidade infantil e seu laço tem um quê de circense – o aspecto volumoso do laço cor-de-menina faz lembrar um pompom de palhaço e traz à cena memórias alegres. Já a segunda menina – ou moça – tem olhos cor de pérola e cabelos negros, no qual se destaca um laço colorido – mais alaranjado do que rosa. Essa segunda menina, por sua vez, tem um quê de índia e o laço mais parece um lindo penacho. Reparem como os enfeites usados no cabelo dão destaque aos detalhes dos rostos das meninas. O fato de o laço ser amarrado lateralmente dá um destaque especial aos olhos.

Essas fotos me levaram a pensar sobre possíveis acessórios e arranjos para os cabelos. Eu gosto muito de inventar moda com os fios de cabelo, criando penteados, experimentando novas e antigas amarrações. Quanto aos acessórios para as medeixas, costumo usá-los em ocasiões especiais. Gosto quando são bem trabalhados ou colocados de forma precisa. Um cabelo enfeitado merece o cuidado que se tem para montar um buquê de flores: há que se pensar, com afeto e com o corpo, nas cores, no posicionamento de cada elemento, na composição, na amarração, no efeito do todo… Inspirada pela primeira Girl with a pink ribbon, minha próxima invenção de moda será com pompons. Vejam como pode ficar lindo:

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Enfeitar os cabelos é uma tradição perpetuada ao longo dos séculos. Já foram encontrados exemplares de tiaras e coroas confeccionadas no Egito Antigo. Os faraós e sacerdotes usavam coroas, enquanto as e princesas portavam tiaras. Os gregos e os romanos também faziam uso desses adereços como símbolo de status – lembremo-nos das tiaras de folhas de louros entregues aos vencedores de competições esportivas. Adornar a cabeça enriquece o corpo, tanto pelo fato de o acessório poder ser símbolo de status, glória ou destreza, quanto pelo fato dele  conferir charme à figura. Os cabelos atraem os olhares, são a moldura do rosto (como abordado neste post) e merecem ser enfeitados, “confeitados”. Neste caso, a cereja do bolo vai no cabelo. A cereja pode ter variadas formas. Abaixo, algumas variações:

Arranjos de flores

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Arranjos montados a partir de delicada costura/colagem de materiais

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Fitas/Arcos

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Lenços

pin up:

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hippie/boho:

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à la camponesa/russa:

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As duas últimas imagens são incríveis! Adorei!

Vejo poucas  mulheres e poucos homens no Brasil fazendo uso de adereços nos cabelos, seja no dia-a-dia ou em ocasiões especiais. Mesmo os chapéus são pouco vistos por aí (a não ser no campo ou a beira mar, onde os trabalhadores têm que se proteger do sol). Por isso mesmo, todos estas “cerejinhas” podem ser o toque inusitado e singular da sua produção.

Uma ótima semana para nós!

Beijos,

Júlia

Look do Dia na Pintura:
azul

Two Little Girls with Robbons, Tamara de Lempicka (1925)

Two Little Girls with Robbons, Tamara de Lempicka (1925)

A pintora polaca Tamara de Lempicka (1898-1980) vai aparecer bastante por aqui. Estou encantada com sua obra. A pintora conseguiu criar um estilo único e ousado em vários sentidos. Na pintura, expressou-se de forma tão singular, que críticos de sua obra criaram uma expressão para descreverem seu estilo: “cubismo suave”. Seu trabalho se aproxima dos princípios artísticos do movimento art déco. Na vida pública, foi uma figura polêmica. Nascida na high society polonesa e registrada com o nome Maria Górska (sim, ela resolveu mudar de nome após enfrentar as intempéries da Revolução Russa de 1917!), estudou em colégio interno na Suiça e mais tarde foi viver com seu marido em Paris. Lá, conviveu com figuras como Picasso e deu o que falar. Bela e formosa, tinha relacionamentos extraconjugais com homens e mulheres. A ousadia desta mulher reflete-se em seus trabalhos, sendo que alguns deles vocês verão comigo, aqui no blog. Ela pinta as roupas de uma forma muito detalhada, usando cores vivas.

Trago hoje estas duas meninas com laços e roupas azuis (all blue) para enfeitarem a cena. O volume das peças (vestidos e laços) me impressionam. Os laços são um ornamento. As peças são bem estruturadas, volumosas e criam um interessante efeito de luz e sombra. Os tons de azul são marcantes e criam um contraste interessante com o pano estampado com flores, que serve de fundo para os rostos das meninas. Os gestos das modelos são interessantes: a colocação das pernas, das mãos, das cabeças, seus olhares. Isto tudo faz parte de uma bela composição de cena. Uma super produção de moda! Uma roupa não deve caminhar sozinha, ela precisa ser preenchida e encantada por um corpo, que sempre se expressará de forma singular. Esta pintura (linda!) me remeteu a uma produção de Miroslava Duma, a qual considero uma mulher-menina-boneca. Veja, abaixo:

Miroslava Duma

Miroslava Duma

O azul é uma cor que consegue conferir luz e vida ao corpo, destacando a figura. Se constrastado com cores  neutras, pode gerar  produções elegantes e marcantes, como esta outra, de Miroslava Duma:

Miroslava Duma

Miroslava Duma

Betty Autier, do Le Blog de Betty,  cria looks ousados, com uma pitada de extravagância e usualmente lança mão do azul:

www.leblogdebetty.com

www.leblogdebetty.com

Luisa Accorsi, do Sonhos de Crepomconsegue aplicar a cor (em  tons bem fortes) com elegância e delicadeza:

http://sonhosdecrepom.mtv.uol.com.br/

http://sonhosdecrepom.mtv.uol.com.br/

Natti Vozza, autora do Glam4u mistura texturas e, neste caso, cria uma combinação quase monocromática com efeitos-surpresa graças aos acessórios:

www.glam4u.com

www.glam4u.com

Por fim, Thássia Naves, do Blog da Thassia, colore de azul a base da roupa e da foto e brinca com os tons dos adereços. A produção resulta leve:

www.blogdathassia.com.br

www.blogdathassia.com.br

O azul pode ser leve e alegre, no sentido contrário da expressão I’m blue.

No inverno – recém chegado – alegra o olhar e o dia.

Beijos,

Júlia

Look do Dia na Pintura: Caroline e o branco

Mademoiselle de Riviere, Ingres (___)

Mademoiselle Caroline de Rivière, Jean-Auguste Dominique Ingres (1806)

Hoje é sexta-feira e pelas ruas de Salvador (cidade que adoro), deve haver muita gente vestida de branco – por tradição, para reverenciar o orixá Oxalá, o Senhor do Bonfim, ou mesmo porque é lindo e é a cara da Bahia. Na sexta, dá branco. Por aqui, entramos no clima baiano, mas na companhia de uma delicada francesinha que, em um outro século, outro país e outro clima, montou um look incrível total white para pousar para um pintor. Caroline, a modelo de hoje, foi retratada por Ingres (já vimos um look pintado pelo artista aqui) quando ela tinha entre 13 e 15 anos. A jovem exibe um sorriso maroto e uma certa inocência no olhar. A roupa pende sobre seu corpo, sem que ela exiba e realce os detalhes do look por meio do gesto. Este é um aspecto interessante a ser destacado quanto à composição de um look: o efeito depende da relação do corpo – do olhar, inclusive – com os tecidos. A roupa emoldura o corpo e o corpo emoldura a roupa. Um corpo dialoga com o que veste. Neste caso, percebo Caroline ainda tímida em sua pose. Seu ar despretensioso contrasta com a exuberância do look: um vestido branco marcado por um detalhe transparente e por uma fita dourada que define a silhueta, estabelecendo uma divisão entre o tronco e o restante do corpo. As mangas são bufantes. A gola de pele de animal traz um ar fetichista para a cena. Dizem que o pintor ficou encantado pela jovem, considerando-a ravishing, arrebatadora. Não nos esqueçamos: branco também pode ser sexy.

Mademoiselle de Riviere After Ingres, Fernando Botero (2001)

Mademoiselle Caroline de Rivière (After Ingres), Fernando Botero (2001)

O pintor colombiano Fernando Botero, especializado em retratar formas gordinhas (de gente, de frutas de animais, etc.), fez uma bela  releitura do quadro de Ingres. Vejam (acima) como a mudança da posição das mãos de Caroline (agora com as unhas pintadas de vermelho, combinando com os brincos e com o batom), a introdução de mais luz na cena, a escolha de uma paisagem mais veranil e a presença do rosto do animal-cachecol conferem um outro efeito. Agora Caroline parece mais “descolada”, “à la vonté” e, na minha opinião, menos sexy (não pelo fato de estar com uns quilinhos a mais). Vocês concordam? O que percebem neste jogo dos sete erros?

Vimos Caroline retratada em 1806 e em 2011, em duas versões, sempre de branco. O branco bomba desde a Grécia Antiga! E no próximo verão teremos muitas opções de looks à la baiana. Eu pirei com as imagens do desfile da Cori/Verão 2013-14 do último São Paulo Fashion Week. Acho o branco uma cor extremamente elegante, sofisticada e que combina com todos os tons de pele. Destaca a figura. Acho incrível quando usado para festas a noite. Vocês costumam montar looks em branco?

Vejam alguns looks da Cori:

Cori verão 2013/2014, São Paulo Fashion Week

Cori verão 2013/14, SPFW

Desejo a você uma sexta feira cheia de paz e um fim de semana assim, leve!