Vestido de folhas,
Vestido de letras

c56d1d80ad92ab35d4ee2e31652eb864_TRATADO

Prossigamos com a nossa semana dedicada aos vestidos. Ao invés de pedir habituais e formais desculpas pelo sumiço nos últimos dias, ressalto que nosso compromisso não é com o relógio (com o tempo cronológico), mas com um certo desejo de escrita e refinamento da letra para os quais há um tempo outro, incerto.

O que está em causa, agora, especificamente, são os vestidos e a natureza. Passamos pelo traço de Gauguin, pelo seu desejo de conhecer o essencialmente natural. Mas antes mesmo que nos voltássemos para a obra deste pintor, a querida Lília Lima – cujo olhar tem sido preciso na leitura e na conjunta feitura da trama do nosso Vestido -, enviou-me algumas fotos de um projeto delicado que me capturou: Fashion in Leaves. Moda em folhas, Moda nas folhas. Indo além, podemos escutar no “leaves” (a princípio, “folha” na forma plural), o verbo “leave” (partir, conjugado na terceira pessoa do singular). Sobra uma preposição (in), mas, deixando-a de lado, temos “Fashion Leaves”. A moda parte.

Em Fashion in Leaves, Tang Chiew Ling, artista/designer da Malásia, se pergunta: é possível fazer moda com folhas? A artista se coloca esta questão a partir de sua prática, na qual explora diversos materiais para fazer poesia. Ling catou no jardim as folhas desperdiçadas pelas árvores e passou a tecer vestidos. Olhou para as folhas querendo lê-las, buscando nelas beleza, possibilidades. Encontrou diferentes formas, rugosidades, linhas, tons, variações. A partir disso, tendo como foco a elegância, ela teceu vestidos que se transformam com o tempo. Tecidos que mudam de cor/tom com o passar das horas. Por fim, ela desenhou partes de corpos de mulheres e, assim, vestiu a natureza de feminilidade.

Enchantée, Tang Ling. Merci.

5a0090f57a2736e1b384dd02c4b1327e_TRATADO

e117a7d98d822bb322efb80aceeea534_TRATADO

e5c88851476e2550afb5c366c9c5770d_TRATADO

a3ff0edf9423f838b006d7cb080ede4b_TRATADO

396b30debd01c77d6c63634bd69db61d_TRATADO

23e406d8228d77c362deba4308e2ee42_TRATADO

2fde3659376e998b16d63d8fec2024a1_TRATADO

2ac230ba252e82b50b5dfefe71923b6c_TRATADO

Audrey Hepburn se deu bem nessa.

Até mais!

Vestidas de Gauguin

Paul Gauguin (1848-1903), Two tahitian women, 1899

Paul Gauguin (1848-1903), Two Tahitian Women, 1899

Já era tempo de trazer Gauguin para pintar este vestido com as cores do que era, para ele, “a grande realidade fundamental”: a (sua) natureza. A relação dele com ela (esta fêmea que é a origem de todo mundo, de todo o mundo, sendo ela o mundo) não foi (apenas) a de um observador deslumbrado. Aos 35 anos – casado, pai de cinco filhos, artista nas horas vagas e frequentador dos círculos de arte de Paris -, tocado pela estética do Simbolismo, Gauguin embarca para sempre em uma viagem.

Por considerar que o estrangeiro se encontrava necessariamente no estrangeiro, Gauguin viveu durante anos em algumas ilhas do Pacífico, convivendo com os nativos e estabelecendo com eles uma relação de admiração. Traçou caminhos tortuosos, penosos. Em meio às agruras, seu olhar esteve atento às delicadezas, às mulheres e seus trejeitos, às suas formas, olhares e sutilezas. Descreveu assim a “Eva Tahitiana”: “muito sutil, muito sábia em sua ingenuidade” e, ao mesmo tempo, “capaz, ainda, de passear nua, sem vergonha”. Gauguin aponta aí para a relação da mulher com seu corpo, para a sensualidade que inclui e vai além do apelo que se faz ao olhar/corpo/desejo do outro.

O quadro Two Tahitian Women parece uma condensação dessa afirmação. Estão ali: os olhares voltados para o fora de campo do quadro, as frutas e flores como adereços para os corpos, os corpos como adereços da natureza, a cor da pele que reflete cores do fundo da pintura, as mãos sutilmente colocadas, os corpos posicionados de modos distintos (remetendo a poses de gregos e egípcios), os vestidos que escorrem e deixam ver os seios… Os vestidos. Pausa. Volto ao vestido, elemento cheio de força neste quadro, elemento que emoldura o sexo. Volto ao vestido, elemento que move esta escrita. Queria, antes de tudo, hoje, escrever sobre um vestido. Queria escrever um vestido e assim, vestir-me de contornos fluidos. Parti em busca de Gauguin pois o vestido, tal como o concebo, engancha o corpo à sua natureza (também a esta de Gauguin). O vestido confere contorno, fluidez e consistência ao corpo, a este corpo hoje tão virtual. Vestido: elemento que escorre, pelos corpos e pelas telas aos quais se mistura. Daí a sensualidade. O vestido é um véu sem fim, do sem fim. Bem, este é o começo. O começo de uma semana dedicada aos vestidos. O começo do fim de um ciclo. Mais, em breve.

01-Dolce_and_Gabbana_Spring_Summer_2012_012_4_TRATADO

dolce-gabbana-rtw-spring2012-runway-001_132924912876_5_TRATADO

Os vestidos acima foram inspirados na obra de Paul Gauguin e fazem parte da coleção de Outono/2012 da grife italiana Dolce Gabbana.

Roy Lichtenstein está na moda

Lichtenstein está super pop. Em 2013 foi inaugurada a exposição “LICHTENSTEIN: a Retrospective”, a primeira retrospectiva internacional da obra do artista. A exposição foi primeiramente apresentada no país de origem do artista, na National Gallery of Art (Washington, D.C.), em seguida passou pela Tate Modern (Londres) e agora se encontra no Centre George Pompidou (Paris), até 4 de novembro de 2013 (quem tiver a chance de ver, aproveite). Mais de cem (125) obras do artista integram a exposição e revelam fases pouco conhecidas de sua produção.

Nesta fonte bebem outros artistas. A moda permite parcerias bem sucedidas com o(s) estilo(s) Roy. Ao que parece, no entanto, os estilistas sempre se inspiram na Pop Art de Lichtenstein, explorando pouco as outras fases da obra do artista. De todo modo, os efeitos são interessantes, cheios de vida – em meio a temas bélicos.

Primeiramente, TOM FORD com ROY LICHTENSTEIN:

TOMFORD_TRATADO

E mais: na London Fashion Week 2013 apareceram repetidas vezes o contorno bem marcado, as cores, formas e temas explorados por Roy Lichtenstein:

Roy-Lichtenstein-london-fashion-week-02_TRATADO

Roy Lichtenstein, Nude on beach, 1977
Michael Van Der Ham (esquerda, superior) & Osman (direita, inferior)

Roy-Lichtenstein-london-fashion-week-03_TRATADO

Roy Lichtenstein, Meat, 1962
Christopher Kane

Roy-Lichtenstein-london-fashion-week-04_TRATADO

Roy Lichtenstein, Baked potato, 1962
Vivienne Westwood, Red Label

Roy-Lichtenstein-london-fashion-week-05_TRATADO

Roy Lichtenstein, Still life with goldfish, 1974
Fashion East, Claire Barrow

A pintura Nude on beach é incrível! E os peixinhos dourados deste último quadro?

Transposição da tela para o corpo. Ao olhar estas imagens, podemos pensar sobre possíveis métodos para transpor traços de obras que nos fisguem – pelo estilo – para o nosso vestir.

Até mais!

Fonte: http://www.tecnoartenews.com/

Look do dia na Pintura:
Suzanne Valadon e as calças listradas

O quarto azul, Suzanne Valadon, 1923

O Quarto Azul, Suzanne Valadon, 1923

A obra O quarto Azul, de Suzanne Valadon, retrata uma figura cuja imagem destoa de grande parte dos retratos em que as mulheres encontram-se nesta pose: deitadas, usualmente nuas. Neste quarto azul há uma mulher cujo olhar não se dirige à pintora da obra. Seu olhar é para o Fora. Livros, um cigarro, cabelos presos. O corpo dela é farto e a silhueta marcada por peças de cores contrastantes. A imagem carrega um ar de conforto, e sua protagonista um sex appeal singular. Linda a mistura das listras verdes e brancas da calça larga com a camiseta rosa claro, com alças duplas (a cor rosa ganhará espaço na próxima estação, primavera/verão 2013). O soutien não aparece. Talvez tenha sido rasgado. Nestes traços de perfume feminista, há espaço para livros e cigarro. A mulher também pode se colocar assim – e assado -, como quiser. Ela não precisa estar nua para ocupar a parede de um museu. A mulher pode ser retratada de várias formas, pois não é uma. A mulher não é o que se espera dela. A mulher não é aquela. A mulher não é. Precisa se inventar.

Suzanne Valadon foi garçonete e trapezista em Paris. Só deixou a vida circense en função de uma queda. Da queda, o salto. Passou a trabalhar como modelo para pintores como Renoir e Toulouse-Lautrec. Observando o trabalho desses artistas enquanto posava para eles, incorporou traços e técnicas. Indo além, imprimiu seus riscos com pincéis. Tornou-se pintora. Edgard Degas comprou algumas de suas peças. Em 1894 Valadon foi a primeira mulher a fazer parte da Sociedade Nacional de Belas Artes da França.

Quis trazer este look criado por Valadon porque fiquei absolutamente encantada com a mistura dos tons mais quentes da roupa e dos livros com os tons mais frios do quarto. Experimentei tampar os livros e observar o quadro. Agora destampem os livros (que têm tons quentes). Para onde vai o seu olhar em cada caso?

Acho a estampa de listras da calça extremamente elegante, sobretudo em peças largas. Para o meu gosto, as calças listradas são mais lindas se forem pantalonas (de modelagem ampla). Se as listras forem em preto e branco, vão vem com vermelho, laranja, azul. Vejam alguns exemplos nas imagens abaixo:

5-Ways-to-Wear-Striped-Pants-002_TRATADO

5-Ways-to-Wear-Striped-Pants-005_TRATADO

look-da-onca-striped-pants-zara-calca-listrada-listras-preto-e-branco-black-and-white-stripes-westward-leanning-orange-tendencia-listras-camisa-branca-bolsa-laranja-oculos-espelhados-laranja_TRATADO

Costumo desgostar (mesmo, com força!) de calças justas listradas. Acho brega. Gosto de algumas peças que fogem das tradicionais listras P&B e, também, quando as listras P&B são finas. Enfim, fujo das justas que são “tendência” atualmente. Gosto de peças assim:

afterdrk_striped6_TRATADO

Entre 24 de maio e 14 de julho deste ano (2013) o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB/RJ) recebeu a exposição ELLES: Mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou. A exposição de Arte Moderna e Contemporânea reuniu trabalhos de artistas mulheres – as quais só ganharam espaço como protagonistas no universo da pintura após meados do século XVII. Até então as mulheres ocupavam a função de modelo e inspiração para pinturas, mas não a de protagonistas. A exposição ELLES reúne obras maravilhosas, tem um cunho político e me inspirou na escrita do texto do post de hoje. Aos poucos vou trazendo mais obras que integraram a exposição. Tem tudo a ver com o Vestido de Letras.

Pessoal, tem um link aí em baixo “Deixe seu comentário/Leave your comment”. Claro que comentar é opcional, mas adoraria que vocês deixassem suas marcas. Se não eu fico falando sozinha. haha

Forte abraço,

Júlia

Obras de Frida Kahlo

O que se pode escrever e criar a partir da obra de Frida Kahlo não é suficiente para produzir o mesmo efeito/tom da língua e das imagens criadas pela ousada artista. O filósofo Gilles Deleuze afirma que os escritores criam uma língua nova, uma língua dentro da língua. Uma pintora, por sua vez, arranha o mundo com seu traço, criando assim um mundo dentro do mundo. Trago aqui, fragmentos do mundo de Frida Kahlo que são de uma força e de uma riqueza de detalhes absurdas. Convido vocês a olharem para essas obras como quem aprecia cada ponto da costura de um vestido.

My dress hangs there, 1933

My dress hangs there, 1933

Fulang Chang and I, 1937

Fulang Chang and I, 1937

Self Portrait with a monkey, 1938

Self Portrait with a monkey, 1938

What the water gave me, 1938

What the water gave me, 1938

The Two Fridas, 1939

The Two Fridas, 1939

The Broken Column, 1944

The Broken Column, 1944

Self-Portrait, 1948

Self-Portrait, 1948

Nas obras de Frida, as rendas, os adornos e os tecidos coloridos – marcados pela delicadeza – aparecem em meio a outros elementos fortes, por vezes trágicos e impactantes. O corpo da mulher ocupa a cena de modo central, misturando-se a outros elementos da natureza, por laços de afeto. Podemos identificar em muitas obras de Frida elementos da estética surrealista. No primeiro quadro aqui apresentado, por exemplo, um vestido – esta peça que tantas vezes representa a feminilidade – aparece pendurada, magestosamente e estranhamente – entre um troféu e uma privada. O que isso quer dizer? Não poderemos saber exatamente. Ao ler a obra de Frida não precisamos buscar um sentido, podemos nos deixar levar pela força do sem-sentido, tão potente, tão feminino.

Vamos que vamos em nossas leituras e pesquisa. Moda com arte.

Boa semana!

Um beijo,

Júlia

Look do dia com Arte:
da amargura ao doce amar

vogue_mexico_TRATADA

capa_1

Como transformar a amargura em uma coisa outra? A questão insiste para quem  não quer ficar preso às agruras da vida. Frida Kahlo – a artista mexicana homenageada da semana – usou cores para expressar as experiências radicais pelas quais passou. Um passe de mágica. Incorporando sua magia, criei também meu passe, meu passo, fiz uma flor e dela uma oferta. Da amargura à doçura. Do amargor ao amar. Isso é o que ofereço a vocês hoje.

oferta_algodao

algodao_flor

escorregador

tronco

tronco_montanha

detalhe_blusa_fluor

sol_em_fios

detalhe_bolsa

pe

bolsa

bolsa_close

danca_1

danca2

danca_4

danca_3 danca_5

danca_6

ultima

busto

Blusa/Shirt: Julia Ellian –  Calça/Pants: Pash –  Bolsa/Clutch: Brechó Brillantina  –   Sapatos/Shoes: Arezzo

Fotografia: Carolina Homem

Este é um salto que cada um precisa aprender a dar: da amargura à doçura. Cada um precisa ser capaz de dar seu passe de mágica nos momentos de aridez. Só assim a vida fica mais leve.

O look de hoje foi inspirado na capa da Vogue México na qual Frida aparece majestosa. Flores, cores vibrantes e uma calça-saia viva e dançante. Descobri que me dou bem com roupas largas. Já notaram que sempre que coloco uma saia ou calça mais larguinha me ponho a rodopiar? Descobri isso costurando este Vestido de Letras e estou decidida a investir nesse tipo de roupa que também me ajuda a ficar mais leve.

Mas vamos deixar este papo da dança pra depois. Aguardem! Vem muita coisa por aí.

Um ótimo fim de semana para vocês!

Doces beijinhos,

Júlia

Look do Dia com Arte:
cores e letras de Frida Kahlo

frida_kahlo_portrait_TRATADO

O corpo se compõe de laços de fita, sonhos e memórias felizes, brincadeiras de boneca, passeios de mãos dadas, danças rodopios e vestido rodado. Se acaricia com delícias e guarda o “para sempre” da infância. Mas o corpo também se faz de dor, desconforto, estranheza e limitações (#quem nunca?). O corpo é estranho e estrangeiro, fala uma língua que exige tradutores. Temos que inventar – cada um de um modo – modas com/para nossos corpos. Precisamos costurar vestidos e moldar contornos para o corpo, para diluir o amargor que, em cada vida, tem fórmula, densidade e gosto singulares.

Alguns encarnam o sofrimento de forma mais intensa e, assim, encaram mais de perto os impasses que um corpo pode colocar. Seja por obra do destino ou do desejo, um sujeito pode ter que “dar nó em pingo d’água” para criar seus laços de fita. E é daí que surgem invenções de moda incríveis, inesperadas, potentes. A beleza viva brota do extremo. Frida Kahlo – a artista mexicana de traços fortes e olhar marcante que estampa o retrato acima – conseguiu, através de seu gesto artístico e de suas cores, transformar seu amargor em flor, oferecendo ao mundo um universo de cores e letras intensas e extremamente femininas. Uma bruta flor do amor.

flor_5_capa

Frida Kahlo parece pintar com cores que escorrem de seu pulso. O corpo aparece com toda força nas obras da artista cuja vida foi marcada por impasses: contraiu poliomielite aos seis anos de idade, ficou em cima de uma cama por nove meses e ficou com sequelas. Aos dezoito anos foi vítima de um grave acidente em que o ônibus no qual se encontrava colidiu com um carro. As sequelas desse acidente foram ainda mais graves. Ela passou a ter dores fortes e constantes e, de tempos em tempos, fazia tratamentos em que precisava permanecer imobilizada. Mas, justamente diante do imperativo de “parar”, ela deu (como pôde) um “pulo” de vida na vida e lindamente fez jorrar suas cores e dores no mundo.

closeolho

Como no dia 06 de julho comemoramos o aniverário de Frida Kahlo – uma artista cuja obra me toca desde cedo (contarei o porquê no próximo post), resolvi fazer uma semana temática. Todos os looks desta semana serão inspirados na figura e na obra de Frida. Ah! Nesta semana teremos três looks! O de hoje foi inspirado na foto que abre o post. O olhar de Frida é, ao meu ver, o núcleo e o coração da foto. Em torno desse olhar, adereços coloridos e jóias em prata. Adepta da tendência étnica (que está super em alta!), a estilosa Frida gostava de se enfeitar com elementos que remetiam à cultura e às tradições de seu país natal: México.

Para compor o meu look com Frida, parti das cores fortes de sua blusa e do laço de fita que enfeita seu cabelo. Azul e rosa choque são cores marcantes que formam uma combinação viva-contraste. Na blusa de Frida catei a flor, que foi a “chave” do ensaio fotográfico. Escolhi uma calça (que adoro) com estampa étnica, fazendo uma referência à cultura indígena. Dobrei a barra da calça porque acho que fica mais charmoso e alonga as pernas (sou mignon). A blusa com laço remete ao adereço que enfeita a trança da pintora. O sapato  que escolhi tem um toque artesanal (nas cordas). Se “viajarmos na maionese” podemos ver que o cinto remete às pirâmides mexicanas (#forçando a barra com Frida Kahlo. haha). Quanto à bolsa, achei que ela dava um toque mais moderno ao look que, no fim das contas, ficou bem atual. Concordam?

tocando_porta_TRATADO_2

verde

bolsa

porta_gesto

corpo_todo

mao_cintura

sapato

lateral_1

lateral_2

detalhe_meio

perfil_mao

pose

flor_1

flor_2

flor_3

flor_4 Blusa: Luisa Accorsi (recomendo!)/Calça: Pop Up Store/Cinto: Zara/Sapato: Arezzo/Bolsa: comprada em viagem

Fotografia: Carolina Homem

Aproveito para indicar a leitura de O Diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo. É um livro-exposição que traz os escritos de Frida entremeados aos seus desenhos. É de uma beleza e de uma intensidade fora do comum. Uma obra de arte. Vale a pena procurar.

capa_diario_tratado

Espero que tenham gostado deste retalho do nosso Vestido de Letras.

Aguardem! Vem mais por aí!

Aproveito para agradecer pelos comentários que vocês têm deixado aqui, costurando nosso vestido com as cores de suas letras. Fico muito satisfeita ao ler cada mensagem.

Beijos,

Júlia

Moda-Arte:
fios de cabelo pelo corpo

Colar criado pela esti

Colar criado pela estilista Julia Valle. Foto: Julia Valle.

Nesta semana temos falado tanto sobre cabelos e os adereços que podemos inventar para enfeitá-los – produzindo efeitos incríveis e inusitados sobre todo o corpo – que eu não poderia deixar de compartilhar com vocês a minha aquisição mais inusitada de todos os tempos: uma obra de arte, um colar feito de fios de cabelo. Sim, da cabeça para o pescoço os lugares do corpo se misturam, gerando um efeito curioso e, ao meu ver, original e belo. O colar é composto de fios de cabelo sintético e foi criado pela estilista Julia Valle (amiga querida e interlocutora de longa data) cujo trabalho vocês podem conhecer através do site dela (é só clicar aqui). Ela já trabalhou junto a diversas marcas nacionais (Redley, Ellus 2nd Floor, Alphorria, Printing, Mara Mac), colaborou com estilistas internacionais, fez várias exposições, além de ter desfilado coleções próprias na Rio Fashion Week. Ela faz roupas e é pesquisadora (está no mestrado da UFRJ). Faz um trabalho  potente que enlaça – literalmente e materialmente – corpo, discurso, roupa, misturando tudo com gestos artísticos precisos.

Meu colar favorito (sou morena e ele loiro!):

busto

Outras jóias cabeludas por Julia Valle:

Colar: Julia Valle. Foto: Julia Valle

Colar: Julia Valle. Foto: Julia Valle

Pulseira: Julia Valle. Foto: Julia Valle

Pulseira: Julia Valle. Foto: Julia Valle

Julia também produziu quatro suéters bordados com cabelos a fim de compor uma peça fotográfica para uma exposição da Grafuck em Los Angeles. Fios de cabelo foram utilizado no lugar das comuns linhas de bordado, como material para criar os suéters subvertidos. Acho o efeito incrível e potente. São peças lindas! Mira só:

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

Autista Collaboration, obra e fotos Julia Valle

O corpo precisa ser enlaçado à roupa. Não podemos pensar e tratar os objetos que vestimos como artefatos carregados pelo corpo, “puros” objetos de consumo. Sabemos que são sempre mais do que isto. “A roupa é comunicação“, como aponta Júlia Valle. A roupa é um invólucro que passa a fazer parte do corpo (toma corpo) e que representa um corpo para outro corpo, dentro de uma comunidade. O efeito advém da troca. A roupa é carregada de sentidos. Compõe com o corpo e é enlaçada ao corpo pelas nossas letras, pelos nossos gestos e palavras. Ou seja, uma roupa estabelece um diálogo o outro – está tudo entrelaçado, tudo junto, emaranhado. A roupa participa do laço social e, para tanto, precisa de fios que cada sujeito amarra à sua maneira.

Vamos que vamos! Com arte!

Um beijo!

PS: Quero agradecer MUITO pelo retorno que têm dado sobre este trabalho através de comentários, imagens via facebook (curte aí para receber as atualizações), por mensagens, e-mails… Muito bom! Valeu, de coração!

Look do Dia com Arte:
o laço

capapost

Foi graças a essas mesmas obras que nos inspiraram ontem a compor nossas cerejas-pompons (ver post), que fui atrás de um laço de fita. Veio como um impulso e um desejo. Na busca pelo objeto em causa, encontrei um laço cor de rosa com penas, que condensava os dois laços das meninas retratadas nas pinturas de Luks. O ato de vestir o laço e me ver enfeitada fez disparar a fantasia, que transpôs meu corpo para um universo que nem sei bem colocar em palavras (mas que tentamos representar nas imagens): infância, cor, natureza, Alice, música, dança, balé, suavidade, leveza, flores, paz. É impressionante como um objeto que encobre o corpo pode disparar memórias, materializar sonhos e fantasias. Incorporei o laço e todas cenas se materializaram a partir disso. É curiosa a relação entre os ornamentos, a roupa, o corpo e os efeitos simbólicos e imaginários produzidos pela combinação desses elementos, que incidem no real do corpo.

espelho_1

maorosto

DSC_0088

caixamusica3

caixamusica_1

caixamusica_2

passarinha

danca2

danca1

danca3

correndo

sapatos

corpotodo

rostoflor_dentropost

 Tricot: Zara/Saia: Vintage/Laço: Accessorize/Sapato: Lalizhilv/ Acessórios: acervo

Fotografia: Carolina Homem

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Luks

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Luks (1867-1933)

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Lucks (1867-1933)

Girl with Pink Ribbon, George Benjamin Luks (1867-1933)

Espero que tenham gostado das fotos e deste capítulo do Vestido de Letras. O processo foi delicioso e divertido! A proposta é criar com o que se veste, experimentar novos lugares no mundo a partir das composições criadas e do que elas disparam.

O processo de compor estas cenas trouxe suavidade para a minha semana. Espero que traga para a de vocês também.

Beijos,

Júlia

Look do dia com Arte:
aprender sobre o simples com aves

Meschers, Ellsworth Kelly (1951)

Meschers, Ellsworth Kelly (1951)

Do minimalismo sóbrio de Sabrina Meijer, do Afterdrk (leia mais neste post), seguimos para a simplicidade banhada de cores que marca o estilo do pintor, escultor e printmaker contemporâneo Ellsworth Kelly (1923-). Kelly explora, em sua obra, o contraste entre formas evidenciadas por cores vivas. O artista conta que, quando criança, era  convidado por sua avó para praticar birdwatching (que poderia ser poeticamente traduzido como “apreciação de pássaros”). Tal prática teria levado o menino a observar, com os pássaros, as formas da natureza. Daí sua paixão pelos contornos (geométricos e orgânicos) e pelas cores.

corpo_debaixo

Em exposições de arte contemporânea, é comum escutarmos comentários do tipo: “Ah, mas também eu faria isso!”, “Parece trabalho de criança”. Sim, talvez uma obra de arte contemporânea possa parecer excessivamente simples. Mas  quem faria isso ao longo de anos a fio, de uma vida? Quem se permitiria não abandonar os gestos da infância? E mais: o que leva à criação de um quadro como este na década de 50? Qual foi o contexto que propiciou tal criação? Estas questões precisam ser levadas em conta. Afinal, a criação de uma obra de arte é sempre um diálogo. Assim, o exercício contínuo de dar forma e cor à vida – buscando a simplicidade – é admirável. Na criação deste look, quis dialogar com a obra Meschers (1951), transpondo suas cores, formas e referências à natureza para o corpo.

chirando_flor

corpo_maocabelo

mao_cabelo_2

mao_cabelo

rosto_lateral

sapatos

movimento_2

DSC_0079_incluir

DSC_0082_incluir_2

DSC_0083_incluir

DSC_0084_incluir

rindoBlusa: QGuai/Saia: QGuai/Cinto: Complot/Sapatos: Luiza Barcellos

Fotografia: Carolina Homem

A obra que serviu de inspiração para este post – e que retrata, de modo singular, a região francesa Meschers-sur-Gironde – faz parte do acervo do MOMA (Museum of Modern Art, NY). O museu tem um acervo incrível. Super recomendo a visita!

Espero ter colorido um pouco os seus olhos.

Beijos,

Júlia